Entrevista a João Canijo

11:25:00 Unknown 0 Comments

"Uma nomeação efectiva aos Oscars é sempre uma quimera"

No rescaldo da prenomeação para Melhor Filme Estrangeiro da obra “Sangue do Meu Sangue”, fomos falar com o seu realizador, João Canijo. Sobre a longa-metragem portuguesa, este adiantou que esperava que o filme fosse bem recebido pelo público, tanto pelo talento do elenco, por reunir actrizes de grande calibre, como da proximidade das personagens do filme às pessoas que integram a sociedade portuguesa suburbana, ainda que esta seja escondida e desconhecida por muitos.
1. O que o levou a escrever e realizar “Sangue do Meu Sangue”?
A ideia saiu de um trabalho conjunto com o elenco do filme, a partir de uma ideia de uma história sobre a sobrevivência do amor. A partir do tema do amor incondicional, e da condição de situar o filme num bairro social suburbano, trabalharam-se as personagens, as relações entre eles e foi-se estruturando assim o argumento.

2. Qual a mensagem que queria passar com o filme?
Que o amor pode sobreviver através do sacrifício. Isto é, que mesmo nas circunstâncias mais difíceis os sentimentos profundos podem levar à abdicação de si mesmo e aos sacrifícios mais extremos por alguém que se ama.

3. A recepção do público e crítica, em geral, pode-se dizer que foi “calorosa”. Estava à espera disso?
Quase sempre que se tenta fazer um trabalho profundo, como o dos actores no filme, isso acaba por ser reconhecido. Por isso, estava à espera que o excelente trabalho das actrizes no filme fosse reconhecido, tal como foi.

4. Acha que os espectadores se identificaram com o argumento e por isso o receberam melhor que a maioria dos filmes nacionais em sala?
Acho que os espectadores se identificaram com as personagens e com o trabalho dos actores. O filme mostra um país muito próximo dos espectadores, mesmo que a Lisboa suburbana seja escondida e pouco conhecida. A redescoberta do que se conhece, mas se nega, funciona como uma revelação.
5. O filme tem sido bem recebido também no estrangeiro, prova disso são os diversos prémios em que foi nomeado, acabando por vencer: o prémio FIPRESCI – The International Federation of Film Critics, uma menção especial ao Prémio TVE Otra Mirada no Festival San Sebastián 2011 e ainda o Grande Prémio do Júri do Festival de Miami 2012. Acha que este feedback se vai repetir na selecção dos candidatos finais a Melhor filme estrangeiro?
Nunca se sabe, mas será muito difícil… O filme ganhou outros prémios, mas uma nomeação efectiva aos Oscars é sempre uma quimera.

6. Como foi disputar o lugar de candidato a Melhor Filme Estrangeiro com “Tabu”, de Miguel Gomes?
Se disputa houve, não lhe dou grande importância dado o carácter quimérico da candidatura.

7. Segundo o website Indiewire, “Sangue do Meu Sangue” encontra-se na oitava posição do ranking de filme favorito para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Acredita que é um reforço às esperanças de o filme vir a ser um dos seleccionados e até vencer a categoria?
Digamos que encaro isso apenas como mais um reconhecimento internacional.

8. O cinema português tem vindo a evidenciar o surgimento de mais filmes em sala nos últimos anos. Acha que esta nomeação é um incentivo para a construção de uma indústria cinematografia em Portugal e, consequentemente, de um “cinema em português”?
Na minha perspectiva o cinema português não evidencia desenvolvimento nenhum. Como desde sempre acontecem excepções circunstanciais. Houve outras excepções com o senhor Oliveira, o João César Monteiro e o Pedro Costa. Não há, nem nunca haverá indústria de cinema em Portugal. A dimensão do mercado interno não permite sequer essa possibilidade.

Artigo publicado originalmente no site Arte-Factos.

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1ª parte do primeiro filme completo de Hitchcock online

16:42:00 Unknown 3 Comments

Para os fãs de Alfred Hitchcock e aproveitando o anúncio da biopic sobre o mesmo, chega a notícia de que a primeira parte restaurada de "The White Shadow", o primeiro filme encontrado em que Hitchcock participou - na altura ainda como assistente de realização, director artístico, editor e argumentista - já se encontra disponível no meio online. Durante dois meses pode ser visto gratuitamente neste local.

Os 43 minutos de filme recuperados foram guardados na época por um projeccionista neozelandês, Jack Murtagh, que as coleccionava. No entanto, oficialmente, é "Number 13" o primeiro filme de Hitchcok, mas, infelizmente, este nunca foi acabado ou encontrado.

Fonte: Cineblog.

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Cinemateca: É preciso pensar...

15:46:00 Unknown 1 Comments

Para aqueles que conhecem a Cinemateca, em Lisboa, penso que é deplorável o que se tem vindo a passar com este espaço nos últimos anos. Neste momento, não podem imprimir os programas. Mas aquilo que primeiramente era justificado pela falta de dinheiro, agora parece não o ser: "O orçamento já era problema. Mas o que paralisa a Cinemateca é a obrigatoriedade de pedir às Finanças para gastar o seu próprio dinheiro. A luz verde não chega a tempo, há coisas que deixam de ser feitas [o programa parece ser uma delas]." Podemos perceber a real situação através das palavras de Luís Miguel Oliveira, o responsável pelo programação: "O dinheiro é do nosso orçamento, mas como a impressão entra na rubrica relativa aos serviços especializados que são contratados no exterior, temos que pedir autorização ao Ministério das Finanças. Estamos a pedir autorização para usar o nosso orçamento, o que implica uma perda de autonomia administrativa."

O que é preciso também ter em mente é o que o Governo tem vindo a fazer (ou não fazer) nos últimos anos. Não temos sequer um ministério da cultura, temos um secretariado, temos gente, em outros blocos da função pública, incapaz de tratar a tempo de papéis para espaços culturais, que já são poucos, como a Cinemateca, poderem funcionar com já tão poucos recursos e ajudas. É uma situação ridícula, triste, de quem gasta mundo e fundos para receber figuras públicas e políticos estrangeiros, mas não o é capaz de o fazer pelo país, pelas pessoas, pela cultura que o caracteriza e lhe confere uma identidade única. É vergonhoso vermos as coisas a desaparecer ou morrer sem nada podermos fazer, num país com representantes sem perspectivas, sem interesses para lá dos económicos, pelo menos quando lhe convém. É quase como Portugal não existisse, é inócuo, porque um país sem cultura é um país morto.

Esta é apenas uma nota, como chamada de atenção para o panorama actual da Cinemateca Portuguesa, mas aconselho a todos a ler o seguinte artigo, que explica o que está realmente a acontecer: Cinemateca portuguesa: história de um quotidiano kafkiano. Vale a pena reflectir sobre isto, principalmente aqueles que prezam o cinema e que conhecem este maravilhoso espaço.

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Crítica: "Charade" (1963)

00:28:00 Unknown 1 Comments


Se para uns os anos 60 foram sinónimo do declínio de Hollywood, para outros as transformações sociais vividas nessa época pelo mundo obrigaram a indústria a dar espaço aos novos cineastas e ideias. Foi uma altura em que o cinema americano passou a ter novos rumos com a produção independente de baixos orçamentos, iniciada pelo realizador John Cassavetes. Por isso, não é de estranhar o surgimento de filmes que espelhassem isso, ostentados pelo comportamento jovem e metamorfismo. 

Mas, apesar do contexto vivido no sistema cinematográfico na época, isso não travou realizadores já consagrados, como Stanley Donen, de levar ao grande ecrã grandes clássicos - como é o caso de “Charade”, de 1963. Foi a simbiose de comédia, mistério e romance que o tornou um dos filmes mais lembrados da história do cinema e um dos mais famosos da filmografia de Donen; não esquecendo, todavia, outros como Singin' in the Rain ou Two for the Road. Porém não foi só o argumento escrito por Peter Stone e Marc Behm, que cativou e, ainda, cativa o público. Uma dupla-chave é a principal responsável. Audrey Hepburn e Cary Grant elevaram ainda mais a obra, que começa tão bem logo nos créditos animados, nada comuns para a sua época. 
Em Charade o suspense não é negativo. Apesar da tensão sentida, este estimula o público que anseia por aquilo que vai acontecer a seguir. Imprevisível e controverso, o filme faz com que o espectador siga a personagem de Hepburn (Regina Lampert), acompanhando-a enquanto esta foge de um trio de bandidos, que querem a fortuna do seu falecido marido, do qual, de forma inexplicável, Regina pouco sabe do seu passado. No entanto, o enredo não é assim tão linear e descomplexo. Uma outra personagem, Peter Joshua (Cary Grant) vem mudar e complicar aquilo que já parecia demasiado intrincado. E o resto pode ser visto na película, que além de surpreender ao longo de duas horas, passa a correr… Com prestações deliciosas de Grant-Hepburn, e com Paris como plano de fundo, o filme ficou também conhecido por conter influências de outros subgéneros: thriller de espiões, já pela sinopse percebemos isso; screwball comedy, surgida nos anos da Grande Depressão, com características muito semelhantes ao filme noir, mas que se distingue dele ao ter uma personagem feminina (Regina) como líder da relação da tela, desafiando constantemente a personagem masculina (Peter); e, por fim, whodunit (Who has done it?), caracterizado por ser uma variante dos filmes de detectives, onde a resolução do enigma da história é o ponto fulcral de interesse, sendo que o público adopta o papel de detective ao qual são dadas pistas ao longo da história.

De todas as características, e pela qual é mais conhecido, Charade é ainda hoje descrito como "the best Hitchcock movie that Hitchcock never made", sendo comparado a North by Northwest. Seja pela narrativa ou influencias, é difícil ficarmos indiferentes a uma obra tão completa e admiravelmente bem conseguida, pois mesmo não sendo sequencial, não se perde nos seus intentos, e faz com que o público se sinta parte integrante do filme, desde o seu início até ao seu fim.
Texto originalmente publicado no site Arte-Factos.

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Filmes que vi

00:22:00 Unknown 0 Comments

“It's kind of like this," Decker said: "You wake up in the middle of the night and you're dying for a glass of milk. So you stumble out of bed, stub your toe in the darkness, scream with pain, and limp your way to the refrigerator. You open it up and the light is brilliant. You're saved. Then you fold back the paper container, open up the milk, take a deep breath, and put it to your lips. Only --- yhrch! --- the milk is spoiled. Sure, you're bummed. You fold the thing close and put it back in the fridge. It's dark again. But as you're making your way to your lonely old bed, you think to yourself, Wait a minute, maybe that milk wasn't so bad. And I am still thirsty? So you do an about-face and go back to the fridge. The light warms you up again. You take a sip and yup, it's still spoiled. That, to me, is the fitting metaphor for most every relationship I've ever been in.” 

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"Warm Bodies": uma história de amor com zombies

21:20:00 Unknown 1 Comments

Há uns tempos vi umas imagens relativas ao filme "Warm Bodies" num blogue amigo, o Cineblog, onde o seu autor falava na probabilidade de o filme ter o mesmo formato que a saga Twilight, mas, em vez de vampiros, com zombies. Na altura acabei por achar o mesmo, porém eis que chega o primeiro trailer do filme e não podia ficar mais surpreendida. Se calhar as expectativas estavam tão baixas que me levaram a seriamente gostar da abordagem que dada à história. Este é um exemplo de como uma história não tem de ser lamechas e uma valente treta para captar público. Muito pelo contrário, este é o exemplo de como um rapaz conhece rapariga, estando ele morto e ela viva, mas usando um pouco os contornos do humor negro já visto em outros filmes de zombies como "Zombieland" ou "Shaun of the Dead". No entanto, indo muito mais além, a dar um tom soft e diferente, do que usualmente temos visto no meio mainstream, acompanhado pela música dos Black Keys.

Posso estar seriamente enganada, mas depois de ver o trailer tenho boas expectativas para o mesmo. Pelo menos tenho a certeza que não verei zombies a cintilar com o sol...

 Já agora, para aqueles que não estão bem a ver quem é o actor, dou uma dica, chama-se Nicholas Hoult e entrou em puto no filme "About a Boy" e há uns anos na série britânica "Skins". Quanto à rapariga, é a Teresa Palmer e co-protagonizou recentemente o filme "Take me Home Tonight".

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CineFiesta 2012 - mostra de cinema espanhol

13:51:00 Unknown 0 Comments

Nos meses de Novembro e Dezembro, no Porto e em Lisboa, terá lugar o CineFiesta, a mostra de cinema espanhol. Na capital será a Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema e Cinema São Jorge e na invicta o Teatro Campo Alegre, Biblioteca de Almeida Garrett e Cinemas ZON Lusomundo Dolce Vita Porto os espaços que a vão receber .

O CineFiesta tem como intuito dar a conhecer ao espectadores a riqueza e diversidade do cinema espanhol, ao mesmo tempo que permitir um encontro com os realizadores e artistas espanhóis. Esta é uma iniciativa do Instituto de Cinematografia y de las Artes Audiovisuales (ICAA) e da Dirección General de Política e Industrias Culturales y del Libro de la Secretaría de Estado de Cultura de España, em colaboração com a ZON. 

Com a mostra de cinema hispânico há também a intenção de resgatar a  herança dos Ciclos de Cinema Espanhol, enquadrados no programa cultural Mostra Espanha, que, desde há vários anos, se vêm realizando em Portugal; primeiro em Lisboa e desde o ano passado também no Porto.

Nesta mostra podemos encontrar uma selecção de recentes longa-metragens de ficção, dos melhores documentários e uma homenagem na Cinemateca Portuguesa, Museu do Cinema (Lisboa) e no Teatro Campo Alegre (Porto) a Víctor Erice, conhecido como o autor de uma das cinematografias mais importantes do cinema espanhol, a par de Luis Buñuel, Luis G. Berlaanga, Carlos Saura ou Pedro Almodóvar. Também nesta homenagem serão projectados três filmes seus: "El espíritu de la colmena" (1973), "El sur" (1983) - baseado no relato da escritora Adelaida García Morales - , e "El sol del membrillo" - uma experiência cinematográfica sobre a obra e personalidade do pintor Antonio López.
A secção dedicada ao cinema documental espanhol é extensa: "Mercado de Futuros" traz uma visão urbana de Mercedes Álvarez, a autora de um dos melhores documentários espanhóis "El cielo gira"; "Guest", de José Luis Guerín, realizador cujas obras são admiradas como uma espécie de poesia visual; "El cuaderno de barro", de Isaki Lacuesta em colaboração com Miquel Barceló; e "Al final del Tunel", uma obra de Eterio Ortega que nos apresenta um dos feitos mais decisivos da história recente de Espanha - o final da violência da organização terrorista ETA.

Para além de uma forma de ver bom cinema, o CineFiesta afirma-se como uma forma de o público desfrutar de cinema contemporâneo de qualidade. A título de exemplo temos várias obras este ano como "Blancanieves", filme mudo do realizador Pablo Berger escolhido para representar Espanha nos próximos Oscares, "El sexo de los ángeles", do galego Xaviel Villaverde, "Fin", a primeira longa de Jorge Torregrosa, "Grupo 7", um  policial espanhol  de Alberto Rodríguez Librero, "Tengo ganas de ti", "La chispa de la vida", realizada por um dos grandes realizadores actuais do cinema espanhol, Álex de la Iglesia,"Mientras duermes", um thriller do realizador Jaume Balagueró, autor do celebrado [REC], entre muitos outros filmes.


Esta mostra terá início no dia 21 de Novembro no Cinema São Jorge, em Lisboa, e terá encerramento no dia 25. No entanto, no dia seguinte, o CineFiesta muda-se para o Porto até dia 2 de Dezembro, com o mesmo programa que em Lisboa.

 Para mais informações podem consultar o site oficial aqui.

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#Sugestões de Filmes

10:32:00 Unknown 2 Comments


Ultimamente são muitas as pessoas que me têm pedido sugestões de filmes para ver. E é alto exercício mental tentar lembrar-me de títulos, quase doloroso determinar que x é melhor que y ou mais indicado que w. Mas uma vez que me pediram recentemente uma lista, e para o efeito 2 em 1, ficam aqui alguns dos títulos que me fizeram gostar e continuar a ver cinema até hoje (a ordem não deve ser muito levada em consideração).

Fight Club (1999, David Fincher)

Breakfast at Tiffany's (1961, Blake Edwards)

The Shining (1980, Stanley Kubrick)

Santa Sangre (1989, Alexandro Jodorowsky)

Citzen Kane (1941, Orson Welles)

Dumbo (1941, Samuel Armstrong et al.)

2001: A Space Odyssey (1968, Kubrick)

8 ½ (1963, Fellini)

Vertigo (1958, Hitchcock)

Great Ditactor (1940, Charles Chaplin)

In a Lonely Place ( 1950, Nicolas Ray)

Nuovo Cinema Paradiso (1988, Tornatore)

Reservoir Dogs (1994, Tarantino)

Edward Scissorhands (1990, Tim Burton)

A Clockwork Orange (1971, Kubrick)

Schindler's List (1993, Steven Spielberg)

Elefantman (1980, Lynch)

Manhattan (1979, Woody Allen)

The Godfather (1972, Francis Ford Coppola)

Star Wars (1977, George Lucas)

Jeux d'enfants (2003, Yann Samuell)

12 angry man (1957, Sidney Lumet)

Nosferatu (1922, Murnau)

Singin' in the Rain (1952, Stanley Donen)

Voando sobre um ninho de cucos (1965, Milos Forman)

Psycho (1960, Hitchcock)

Sabrina (1954, Billy Wilder)

Chansons d'amour (2007, Christophe Honoré)

Jaws (1975, Steven Spielberg)

Boogie Nights (1997, Paul Thomas Anderson)

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Cartoon da Semana

08:47:00 Unknown 0 Comments

P.S:. As restantes listas relativas ao Halloween não serão lançadas, pois não me foi possível na altura e, como já passou a época, não há grande contexto para as mesmas agora.

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