Oscares 2013, aqui vamos nós!

02:51:00 Unknown 1 Comments

Como já estava em falta, fica aqui o registo da lista de nomeados aos Oscares 2013. O nome da estatueta ainda é incerto, mas a verdade é que é cada vez mais previsível que a Vida de Pi ou Lincoln leve para casa a estatueta dourada na categoria de melhor filme, mesmo porque são indicados descaradamente como os preferidos. Hollywodinices à parte, dia 24 realiza-se a entrega dos prémios e cá estarei para os ver. Tenho pena que The Master ou mesmo Hitchcock não estejam na corrida para esta categoria em particular, enquanto filmes como Les Miserábles - grande flop -, Zero Dark Thirthy - que pinta a América como se fosse um bastião da integridade - e Lincoln - que é simplesmente cliché e mete o Spielberg num saco com outros cineastas zombies da nossa década que se perderam entre 80 e 90. Até o Silver Linings Playbook consegue ser melhor que os anteriores, mesmo que acredite e defenda que o filme também não é nenhuma genialidade, que vá ficar como marca dentro do seu género ou num sentido lato na história do cinema. Mas, pronto, opiniões não são verdades universais, por isso convido-vos a partilhar aqui as vossas preferências e previsões para a galã de dia 24.

Melhor Filme

  • Lincoln
  • Argo
  • Zero Dark Thirty
  • Les Misérables
  • Silver Linings Playbook
  • Life of Pi
  • Django Unchained
  • Amour
  • Beasts of the Southern Wild

Melhor Realizador

  • Steven Spielberg por Lincoln
  • Ang Lee por Life of Pi
  • David O. Russell por Silver Linings Playbook
  • Michael Haneke por Amour
  • Benh Zeitlin por Beasts of the Southern Wild

Melhor Ator

  • Daniel Day-Lewis em Lincoln
  • Joaquin Phoenix em The Master
  • Bradley Cooper em Silver Linings Playbook
  • Hugh Jackman em Les Misérables
  • Denzel Washington em Flight

Melhor Actriz

  • Jessica Chastain em Zero Dark Thirty
  • Jennifer Lawrence em Silver Linings Playbook
  • Emmanuelle Riva em Amour
  • Naomi Watts em The Impossible
  • Quvenzhané Wallis em Beasts of the Southern Wild

Melhor Actor Secundário

  • Philip Seymour Hoffman em The Master
  • Tommy Lee Jones em Lincoln
  • Alan Arkin em Argo
  • Robert De Niro em Silver Linings Playbook
  • Christoph Waltz em Django Unchained

Melhor Actriz Secundária

  • Anne Hathaway em Les Misérables
  • Sally Field em Lincoln
  • Amy Adams em The Master
  • Helen Hunt em The Sessions
  • Jacki Weaver em Silver Linings Playbook

Melhor Argumento Original

  • Zero Dark Thirty
  • Flight
  • Django Unchained
  • Moonrise Kingdom
  • Amour

Melhor Argumento Adaptado

  • Lincoln
  • Argo
  • Silver Linings Playbook
  • Beasts of the Southern Wild
  • Life of Pi

Melhor Canção Original

  • "Skyfall", de Skyfall
  • "Suddenly", de Les Misérables
  • "Before My Time", de Chasing Ice
  • "Everybody Needs a Best Friend", de Ted
  • "Pi's Lullaby", de Life of Pi

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May the force be with you!

Valentine's Day com "Say Anything"

17:34:00 Unknown 0 Comments


Ele não tinha o rádio, tinha o coração.

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May the force be with you!

Crítica a "The Master"

03:47:00 Unknown 2 Comments

Quantas vezes durante a nossa vida não nos enganámos por algum tempo com algo, só para sentirmos que esta não é um poço de incertezas e existe um sentido em tudo o que nos rodeia? Pensem na vossa resposta, eu já tenho a minha e "The Master" também.
Depois de ver "The Master", desejei conhecer Paul Thomas Anderson, porque é um senhor especial, realmente, para conseguir levar tamanha história, e consequentemente mensagem, ao grande ecrã. Conseguiu transmitir algo difícil em imagens e palavras: a incerteza do ser, a estranheza de quem é estranho, o não saber o que quer, o que será e o que foi. Confundir imaginário e realidade; confundir a nossa existência, crença. Acreditar: para ter esperança, um caminho, significado, objectivo, fé. Ser humano: tal como nos ensinaram, mas qual significado poucas vezes, ou melhor poucas pessoas, o questionam. Saber ir mais além: ser duro e frio, animal, mas mais humano e sensível do que quem se desfaz facilmente em lágrimas. Sentir, em cada poro: a dor, o sofrimento, as emoções...de estar vivo. De não saber o que fazer a seguir, fugindo da rotina e "prisão", com a esperança de ser "livre", mas voltando a ela sempre que pode. De cortar as amarras e voar ou desaparecer (porque por vezes é mais fácil não ter nada do que ter e saber que não é pleno nem seguro e viver com esse medo, principalmente nas relações). Livre de pensamentos e plenamente feliz. A dor de pensar realmente existe e PTA conseguiu projectá-la num grande ecrã, de uma forma sublime e eficaz, ao ponto de ser impossível não ficarmos afectados - seja negativa ou positivamente - , pelo que vemos e juntámos ao que já trazemos na nossa bagagem. Deparámos-nos com uma personagem que pouco tem de particular, se observarmos com atenção, é uma personagem tipo, que explana mais aquilo que o incomoda num comportamento de sacrifício e vícios, para fugir à dor de saber que existe. É alguém que à partida não vive/sente, porém, faz ambas as coisas intensamente, ferozmente, de uma forma dolorosa e quase sádica. Questiona aquilo que o trouxe cá, o rodeia e o faz continuar neste mundo. E, para isso, Joaquim Phoenix foi essencial. Foi a cereja no topo do bolo, porque foi perfeito e não me lembraria de outro actor que tivesse todas os predicados e vivências capazes disso. É possível que se identifique com a personagem, o que ajudou a lhe proporcionar uma essência tão natural para "facilmente" desempenhar a personagem de Freddie Quell - um homem sem rumo, rude, sem controle, sem crenças (até ver), sem um caminho traçado, sem objectivos e sem limites, que desafia o que o rodeia para sentir ou mudar algo, ou que é apanhado pela má sorte sempre que se tenta integrar num novo mundo. É a conjunção de mais que uma crise existencial, de um conjunto de medos e dúvidas que assombram constantemente algumas pessoas que, por isso, veem a vida de uma forma diferente e são inadaptadas, incompreendidas até ao seu último folgo. E que de uma forma mais lata abrange toda a humanidade, de modo diferente, porque alguns preferem escolher a sua própria realidade, do que esperar que esta se construa, revele ou continue incerta (Lencaster Dodd e a sua família são o exemplo perfeito disso).
Philip Seymour Hoffman é o actor que dá pele à personagem de Dodd, designada muitas vezes como Master. Mas não será ironia de PTA? A minha opinião é que sim, que o realizador e argumentista usa essa dominação quase de forma crítica, para o público perceber que todos nós escolhemos alguém/algo em quem/o que acreditar para justificar a nossa existência, para criarmos uma missão e lógica de vida. Seja porque vemos sinais em todo o lado, seja porque descobrimos uma seita, grupo, religião, profissão, amor, mas o que conta é estarmos fidelizados com algo de modo a ter fé, essa que nos mantem vivos e nos integra num todo. Todavia há sempre quem coloque isso em questão, que negue, que desafie, é esse o papel daqueles que julgam Lencaster durante o filme (ou de uma outra perspetiva, é esse o papel de Lencaster com o resto das pessoas; nunca haverá certezas, a não ser da própria boca do realizador-argumentista). E são esses mesmos que fazem Lencaster, que nunca chegamos totalmente a saber se é um impostor ou apenas alguém que está numa eterna e interna "delusion", mas que revela revolta quando questionado, quando confrontado com a probabilidade do que defende ser mentira (porque se o for, a sua vida não passou de uma farsa e deixa de ter sentido). A sua máscara é um pouco levantada depois de escrever a obra da sua vida, por uma das suas pacientes, que, como boa devota, explora a sua obra com tanta afeição que detecta incoerências, essas que Lencaster, quase como bom político ou mestre, cujo ego transcende o corpo, prefere ignorar e desnutrir de relevância. É quase como uma tentativa de deixar a sua marca no mundo, por muito desprovido dessa vontade, e se afirme como um servidor, que a personagem seja.
 
O filme tem uma fotografia magnifica e soundrack à altura. Primada de uma cromática apropriada, que transmite o que PTA provavelmente queria passar aos espectadores. Um mundo real, sem panos quentes, cujas respostas ou finais nem sempre são certos ou felizes, apenas acontecem, revelam-se e deixam-nos soltos e órfãos de fé, sem sabermos, até ao dia do juízo final, de onde viemos, quem somos, o que queremos realmente, como tudo poderia ter sido diferente, etc etc. Coisas que dificilmente um texto transmite, mas que estão aí, em todos, na vossa/minha cabeça, pelo menos uma vez ou outra ao longo da vossa/nossa vida.
 
Para muitos, a película não é muito mais do que um exercício de psicanálise, de tentativa de poder de um ser sobre o outro, contudo pessoalmente acho que, bem pelo contrário, é mais que isso, é uma dança hipnótica de procura de sentido, do caminho certo. Freddie procura isso em Lencaster, olhando-o como o seu mestre. Lencaster olha para Freddie como a sua forma de provar - a si mesmo e ao mundo - que não é um engodo e que realmente consegue "curar" pessoas, libertando-as do outro mundo, dando-lhes a alegria e vontade de viver. Então, para Lencaster, de um modo mais escondido, no seu intimo e para a sua autorrealização, Freddie é o seu próprio Master, que o abandona e o faz querer mudar para outras paragens e afirmar-se mais tarde em Inglaterra. É quase como fugir a um grande amor. Esse mesmo sentimento que faz Freddie perceber que é tarde demais e que a obsessão de procura de sentido da vida e os seus medos o levaram a perder a sua própria vida: todos os seus amores, as únicas pessoas que gostavam de si, andando com mulheres aleatórias, evocando memórias passadas e acabando sozinho com uma imagem de areia, que representa provavelmente todas as pessoas que passaram e não ficaram na sua vida, tal como tudo o que é feito de areia, se destrói e é efémero.
 
Talvez PTA tenha conseguido aqui incutir uma mensagem tão subliminar, actual e universal que chega quase a escapar - a de que a humanidade caminha para um penhasco, que hoje em dia tudo é possível, todos podem ser "mestres", todos podem defender ideias como verdades, enganar e voltar a fazê-lo, desde que tenham seguidores, porque são estes seguidores que lhes conferem poder, que lhe dão voz e os tornam únicos e inquestionáveis. E não é isso mesmo que fazemos? Seja no emprego, casa, sociedade? Seguimos uma religião, minada de incertezas, porque é normal, fomos educados assim e todos seguem esse percurso; um amigo que tende a liderar, mas que facilmente nos ataca ou trai, porém que nos faz sentir aceites e por isso continuamos a segui-lo faça ele o que fizer; (Lencaster e Freddie) um político que dá a cara por um país, mas volta e meia muda as suas "verdades" e promessas e o povo continua na mesma a ouvi-lo, com mais ou menos satisfação, mas sem nada fazer. Queremos ser aceites, sentir que alguém nos compreende, gosta de nós ou nos acha especial. Freddie quis, por uns momentos. Freddie encontrou o seu mestre e teve um rumo. Mas Freddie percebeu que era uma ilusão, que era momentâneo, que se estava enganar, ou se calhar achou que percebeu, pois não é capaz de viver a vida tal como ela é - sem sentido, incerta, mecanizada, social, padronizada e hipócrita, um autêntico jogo de surdo mundo em que todos sabem qual o seu papel, que alguém mente e alguém faz que acredita -, e por isso a rejeita, e é a este jogo vicioso e infinito que continuamos a viver e ao qual chamamos de Vida, que PTA se inspirou para executar este filme. O PTA de Magnólia ou Boogie Nights está lá, diferente, mas espreita, exposto, frio e volátil, entre as ondas que iniciam e acabam o filme.
 

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May the force be with you!

Crítica: Hitchcock (2013), o rei do suspense

02:47:00 Unknown 2 Comments


A obra homónima sobre Alfred Hitchcock só poderia ser uma tragicomédia, com suspense, e um desvendar - apesar de dramático e hiperbólico, tendo em conta o ponto de vista da personagem - bem sentimental para com o seu cinema e mais que tudo, Alma. São proferidas no fim as palavras que mudam uma história de convivência de 30 anos. Sem notar, Alfred acerta na receita, Alfred sente, Alfred é único, singular, neurótico, mas sincero e um pouco infantil; Alfred é Hitchcock. Aquele que conhecemos dos filmes, seja como o eterno figurante ou como um dos maiores realizadores da história do cinema que mistura vários géneros, de modo irónico, sem se esquecer de uma ou outra morte lá pelo meio. Tal como os pássaros, uma das suas grandes "paixões", que um dia o levaram a fazer The Birds, a biopic que remonta os tempos, nos anos 50, nos quais o cineasta decidiu apostar em Psycho, mostram muito mais que um Hitch genial e louco, mostram um Hitch humano e que reconhece o seu sucesso nos olhos de quem o acompanhou durante uma vida inteira. Mesmo que no fim, tal como nos seus filmes, Alfred nos surpreenda - de uma forma que é inesperada tendo em vista a sua personalidade incomum e quase desumana - tal como a realização independente, na época, de Psycho foi para a sociedade. Era um filme difícil de resultar sem um conjunto de factores: desde a soundtrack na hora da famosa vítima da banheira, à obsessão por morte e estado de espírito de Hitchcock, que marcaram a obra. Helen Mirren está soberba numa papel que lhe assenta que nem uma luva, tem a idade, aspecto, presença certa, sem tirar nem pôr. Hopkins está deliciosamente hitchcockaniano, não tenta copiar o verdadeiro, tenta ser ele, à sua maneira, como se imaginasse o que é vestir um fato dissecado do homem que fez North by Northwest. O que resulta e nos faz crer numa personagem que tem tanto de terno como de irritante e caprichosa; que quer o bolo que não pode ter, num mundo cheio de deixas satíricas, até dizer chega, mas que resulta até ao último minuto. É uma obra, que acredito, fielmente, que o realizador gostaria de ver (é uma homenagem digna, que não é pesada nem nos assombra). Nem que fosse para ficar no negativo apenas. São várias as referências ao cinema, ao seu cinema, ao cinema que fez ou irá fazer, e isso tonar a biopic ainda mais interessante e não limitada. A um ponto que, mesmo para quem já leu sobre a pessoa, espera sempre algo de novo. Fica satisfeito ao ver tudo aquilo e desenvolve quase uma paixão pela eterna silhueta de perfil, que ao contrário do que acontece no filme Lincoln, mesmo que usada várias vezes, não cai no lugar comum, e assenta bem na película. Sente-se uma nostalgia daquele, que pelo menos eu, nunca conheci pessoalmente ou viveu na minha época. Sentimos emoções, identificação, através daquilo que ouvimos falar do cineasta, e que vimos ao longo de anos nos seus filmes. Imaginamos como será a vida de alguém tão controverso, todavia impossível de copiar. Porque é o conjunto que forma um todo que se contraria e nos faz conhecer pouco a pouco as suas fraquezas, frustrações, traumas e paixões. Ele não é mau, apenas foi "desenhado" de uma forma diferente, vê o mundo à sua maneira e foi com o cinema que tentou mostrar essa perspectiva  muitas vezes mal interpretada pelas distribuidoras e pelo grupo de pessoas que na altura dos filmes clássicos, no seu auge, combatiam os escândalos de Hollywood através da censura e de uma lista interminável de proibições e critérios, que aprovavam se o filme era ou não digno de ser exibido numa grande tela. O cinema clássico foi sempre e será belo e tem o seu lugar, mas o que poucos sabem é que o tem devido a um contexto específico, que tentou banir a sexualidade, o choque, as drogas, as mortes, tudo aquilo que era considerado imoral e impróprio a ser distribuído às massas no cinema. Em Hitchcock vemos esse momento histórico, provavelmente poucos perceberam do que se tratava, mas para os que entenderam, foi bonito de se ver que o realizador desta obra teve em conta esses detalhes históricos.
Psycho ficou para a história como um dos filmes de culto mais complexos (e de risco, porque empenhou as suas poupanças) que Alfred Hitchcock realizou na sua longa carreira, que extrapolou os 60 anos de idade. Nunca desistiu de fazer o que gostava, mesmo tendo sido duramente criticado por obras que hoje são adoradas: Vertigo, por exemplo.
O pouco que não consegui apreciar no filme foram duas presenças: Scarlett Johansson e Jessica Biel. Duas actrizes que considero fraquíssimas e que mesmo funcionando nos mínimos no filme, estragaram um pouco a fita que poderia ser bem mais perfeita com uma actriz com mais calibre e classe, pelo menos no caso de Johansson. Scarlett fez dela mesma, meteu impressão ver como é limitada e está sempre no mesmo registo,  desde A Rapariga do Brinco de Pérola (ouvi isto na zona de fumadores depois do filme, e senti quase vontade de felicitar a pessoa em questão) assim como as suas curvas foram usadas para vários planos de corte, sendo ela pouco mais que isso. Biel é apenas o que é, uma actriz conhecida e que foi encaixada no cast, a meu ver poderia ter sido melhor a escolha, mas pronto, o que está feito, está feito, e Hitchcock provavelmente faria o mesmo, pois sempre procurou a loira perfeita, a loira dos seus sonhos, que nunca apareceu, porque na realidade sempre esteve ao seu lado. É verdade, a Alma nunca nos abandona, nem no fim.

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