Jesus deseja-vos Boa Páscoa!

12:48:00 Unknown 0 Comments

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May the force be with you!

Crítica:"Comboio nocturno para Lisboa"

18:11:00 Unknown 2 Comments

Às vezes, é complicado percebermos como a vida nos está a escapar por entre os dedos, mesmo, mesmo, enquanto estamos parados a olhar para ela, a assisti-la como meros espectadores autistas ou inválidos  que parecem há muito ter perdido a capacidade de actuar. Sentir que o planos que nos desenharam parecem um estranho que passa por nós na rua e nos cria apenas uma certa confusão e mínima curiosidade, não é propriamente o mar de rosas com que todos nós sonhamos viver. É, talvez, o mais puros e dolorosos dos prazeres e torturas, que, ao longo da vida, temos de encarar, confrontar ou aceitar. Em "O Caminho Nocturno para Lisboa", Amadeu é uma personagem que deambula na mente de alguém que o quer sentir, por achar que a sua vida é bem mais interessante do que a que a dele alguma vez se potenciou a ser. Um suíço decide seguir as pisadas de uma mulher, cuja única lembrança dela é um casaco vermelho ensopado e os pés tremidos em cima do vão de uma ponte. Essa mulher leva-o a um livro, que, por sua vez, o leva a Amadeu. Um escritor, filósofo, que foi médico, mas quis ser mais... Porém, ironia do destino, nunca o pode vir a ser. A natureza é cruel. Deus é cruel. Ele existe? Ninguém o sabe; alguns acreditam ou juram que o fazem. É complicado, é asfixiante, ser um dos poucos mortais, numa época de ditadura que se tem de dividir em duas facções: por um lado os que lutam contra o regime - a resistência - e por outro aqueles que idolatram o regime salazarista e a sua polícia política. 

Amadeu era filho de pais ricos, mas apaixonou-se por uma ideologia dos pobres, teve como melhor amigo também alguém de poucas posses e, finalizou, apaixonado por alguém longe de vestir ouro. Vi-a mais além e, por isso, escreveu profundos pensamentos numa obra que foi única, com apenas 100 exemplares. Este é um resumo, que carece de muito mais que estas linhas, porque o filme podia ser bem mais, podia ser grande, podia transmitir o que apenas transmitiu em meia dúzia de deixas. Podia ser uma boa participação de Portugal no cinema. Mas não o foi.

A vida é fatalista, e também a de Amadeu foi. E a mensagem que podemos tirar daqui é a de que mais vale viver o agora e aquilo que temos, do que viver à espera de grandes feitos, contra algo, à descoberta de um mundo que não existe ou respostas inexistentes. Mais vale ficar em Lisboa.

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Para Sempre Audrey

17:42:00 Unknown 0 Comments

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Cinema,já!

15:49:00 Unknown 0 Comments

Para quem quer ver bom cinema, mas não tem tempo de ir a uma sala de cinema ou pedir emprestado à amiga internet um filme, vou deixando aqui links directos para algumas películas, na sua maioria clássicos ou série b e por isso disponíveis no Youtube. Espero que gostem desta iniciativa, porque ela nasceu precisamente hoje, momentos antes deste post, porque também eu gosto e quero ver bom cinema, já!

Deixo então o link - "A Room with a View" (1985) - que vos leva directamente para o endereço de Youtube, onde o filme está disponível; não o incorporo aqui no blogue pela possibilidade de poder ser encerrado por tal.

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Crítica a "Movie 43": Tenham medo, muito medo!

08:37:00 Unknown 8 Comments


Se houvesse uma lista das 43 piores paródias do cinema, certamente que "Movie 43" figurava nessa lista. É certo que raramente as sátiras cómicas cinematográficas resultam em boas obras, de todas as que conheço, se resultar for sinónimo de chamar audiências e não de qualidade enquanto filme comercial, apenas me lembro do contemporâneo "Scary Movie" (falo apenas do primeiro, que consegue não ser dos piores da saga e usa o slash "Scream" como base) e de um, não comparável, mas apenas na mesma linhagem de paródia, "Evil Dead 2" (não sei se recordam da viragem que há do primeiro "Evil Dead" - um típico filme de terror da sua época, com algumas mechas de série b - para o segundo, um quase remake do primeiro em jeito de regozijo). 

Quando entramos na sala de cinema, os primeiros avisos que temos, a começar pelo bilhete, é que a película que estamos prontos a ver é 'ousada, como nenhuma outra foi até então', contudo, aquilo a que assistimos não é ousadia, mas, sim, a um conjunto meio disforme e esquizofrénico de várias histórias que usam filmes e temas mais ou menos contemporâneos. A linha ténue entre o intragável/ridículo e o non sense-surrealista/cómico é completamente ultrapassada, deixando para trás um rasto nada bonito de muito pouco cuidado em criar algo minimamente decente, o que é uma pena porque nem todas as ideias incluídas no filme são más. Se quisermos ver o filme de um ponto de vista mais profundo, poderíamos até acreditar que resulta  do reflexo da sociedade actual, em que nada é planeado, tudo é consumível, vendível, um produto, em que não existem barreiras nem limites para travar comportamentos e ideias, em que tudo parece ter alcançado um patamar tão 'wtf', que ninguém sabe muito bem o que anda a fazer nem o que quer e nisto o que é ainda certo e errado neste mundo. Talvez a profecia dos Maias de que o mundo iria acabar em 2012 não passe de uma metáfora, que se preconiza ao longo do filme e nos dias de hoje. Em que nada é fora do normal ou inesperado, tudo pode ser feito, tudo pode ser adorado, desde que apresentado com naturalidade e de uma forma que 'ultraje',sem se dar conta, as mentes do público, as nossas mentes.


Produzido por Peter Farrelly e Charles Wessler, o filme pode conseguir levar muitos a soltar umas gargalhadas, mas está longe de ser considerado um bom filme ou algo que valha a pena ver na sala de cinema. É humoristicamente excessivo e mesmo javardo, ultrapassando qualquer ideia de piadas inteligentes,  enterrando-se no mau gosto. O filme quis usar a hipérbole como arma, mas apenas acabou por estourar, sem querer, a bala na própria cara, levando ao grande ecrã algo que não se pode chamar de cinema - pois nem o fantástico ou série b consegue, sem um propósito, ser tão descuidado e intolerante -, pois faria corar as grandes obras de comédia que hoje em dia são escassas, mas em tempos fizeram as delícias dos nossos antepassados e ainda hoje podemos encontrar, felizmente. "Movie 43" junta 14 curtas/ histórias criadas por diferentes realizadores do género comédia como Elizabeth Banks com Middleschool Date, StevenBrill com iBabe, Steve Carr com The Proposition, Rusty Cundieff com Vitory's Glory, James Duffy com Super Hero Speed Date, Griffin Dunne Veronica, Peter Farrelly com The Pitch, The Catch e Truth or Dare, Patrik Forsberg com Tampax, Will Graham com Homeschooled, James Gunn com Beezel, Brett Ratner com Happy Birthday, Jonathan van Tulleken com Machine Kids. E Bob Odenkirk penso que a juntar tudo numa narrativa que não faz sentido algum, e de algum modo mostra o quão o cinema blookbuster actual é inócuo, 'gratuito', porque apenas prima pelo momento, sem ter um plano a longo prazo ou fio condutor, e por o público o receber de braços abertos, enquanto o som das pipocas abafam os risos instantâneos e nervosos da plateia. Temos imensos outros exemplos disso, como "Super Hero Movie" ou "Epic Movie", coisas extremamente más que tem vindo a facturar, nos últimos anos, nas bilheteiras mundiais, desde que saiu, e até resultou, como já mencionei, o seu primogénito "Scary Movie" que se seguiu de tantas sequelas e irmãos gémeos (ainda piores), que de tantos hoje em dia não temos dedos para os contar.

Em "Movie 43" desde o sexo não convencional,  à venda de iBabes - iPods em forma de mulher sem grande utilidade mas que vendem -, ao cliché reencontro de amores passados, a um encontro nada comum com genitais faciais, um encontro instantâneo, a uma jovem que entra na puberdade no meio de um conjunto de homens nada pragmáticos - e é talvez a única das curtas com alguma piada e bom guião -, e ainda a uma história final em que o actores reais são misturados com animação, tudo neste filme é-nos dado de modo fast food. Isto é, pode até enganar por uns momentos e vamos comendo, mas a longo prazo cai mal como tudo e leva-nos a repensar o porquê de termos entrado naquela sala de cinema e o que estamos afinal a visualizar. No entanto, no meio de um narrativa fraca em que todas as histórias são ligadas por uma história mãe, que mete sci-fi e o típico puto sobre-dotado de 15 anos, em que o irmão é burro assim como o seu comparsa (é de salientar que os actores da história principal são extremamente fracos, não sei se é intencional ou se o director de cast não se quis esforçar muito), o filme tem alguns 'bons' momentos ou pelo menos tenta. E, como se diz, o que interessa é a intenção, mesmo que neste caso essa intenção não salve o filme, os vários realizadores responsáveis pelas várias curtas tentam fazer várias referência a outras películas actuais. Desde "Garfield" - a última curta - ao próximo trabalho de Cloë Moretz - o remake de "Carrie" - (que é das únicas histórias que se salvam no filme), à típica família moderna demais que leva o seu filho a ter uma amiga imaginária, como no filme "Lars and the Real Girl", a uma brincadeira com a sexualidade de Robin e Batman, juntando como actualmente temos visto muitos outros super heróis como em "Avengers", entre filmes em que as personagens se lembram de fazer tudo no primeiro encontro (que é o que não falta por aí a pontapé, por isso não vale a pena exaltar exemplos), o filme intitula-se como uma comédia explicita que junta, e é isto que mais assusta, actores conceituados como Emma Stone, Kate Winslet, Richard Gere, Hugh Jackman, entre outros já assíduos das paródias como Anna Faris e alguns totalmente anónimos e maus, muito maus. Ficamos a pensar o que os terá levado a aceitar fazer parte de um produto tão miserável e sem qualidade...

Por ser uma das únicas shorts decentes, a de Elizabeth Banks, chamada "Middleschool Date", penso que valha a pena ressalvar que o que a distingue das demais é não ser parva, muito menos sexista, apostando numa receita que junta um conjunto de actores novos em Hollywood, e com boas prestações, que constroem um pequeno universo infanto-juvenil em que o constrangimento proporcionado pela própria fisiologia adolescente pode levar a momentos bem constrangedores, remetendo à incapacidade social de lidar com pequenos problemas entre sexos, mas que são bem pensados e com um ritmo de gag bem interessante. Temos também, se não é da minha imaginação, subliminarmente incluída a gracinha da escolha de Moretz para o papel da jovem que é surpreendida pela entrada na idade fértil, tal como, caso se recordem, acontece no filme de De Palma, cujo remake será protagonizado pela jovem actriz de "Kick Ass" e "Let me In", ainda este ano.


Para todos os que apreciam um humor inteligente, mordaz e que não pegue apenas em sexo e cenas demasiado exageradas para levar o público a soltar gargalhadas, este filme não é certamente merecedor da vossa atenção e tempo, para aqueles que gostam de comédias gratuitas e que primam pelo humor grotesco que mete sexo, todo o tipo de estereótipos, todo o género de momentos ridículos, sem qualquer intuito, inibição ou mensagem, podem ir já a correr ver este filme e "chorar de rir" numa sala de cinema perto de si!

Em suma, o filme parece um projecto muito mal pensado e pesado, que se quis designar ousado, mas acabou por indagar tudo aquilo que vi nos últimos tempos, nomeadamente o cinema comercial actual que é cada vez mais pobre e sem sentido.

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