24 Curtas de realizadores famosos

20:09:00 Unknown 0 Comments


Surpreendam-se. São muitos os realizadores que, para além das suas famosas longa-metragens, têm também alguns trabalhos mais curtos; sim, falo de curta-metragens. De Polanski a Spielberg, de Tarantino a Nolan, são muitos os nomes conhecidos, que assinam estas pequenas, mas grandes, obras.

Para aqueles que têm interesse em dar uma vista de olhos, segue uma lista de 24 vídeos.Vale a pena ver.

Day Of The Fight (1951) by Stanley Kubrick

Smarienberg (1997) by Michel Gondry

Xenogenesis (1978) by James Cameron


My Best Friend’s Birthday (1987) by Quentin Tarantino

From The Drain (1967) by David Cronenberg


Bedhead (1991) by Robert Rodriguez

Vincent (1982) by Tim Burton

The Big Shave (1967) by Martin Scorsese

Boy and Bicycle (1956) by Ridley Scott

Last Year in Viet Nam (1971) by Oliver Stone

Within The Woods (1978) by Sam Raimi

The Adventures of André and Wally B. (1984) by John Lasseter

Doodlebug (1997) by Christopher Nolan

Escape To Nowhere (1962) by Steven Spielberg

Bottle Rocket (1994) by Wes Anderson

Cigarettes and Coffee (1993) by Paul Thomas Anderson

Six Men Getting Sick (Six Times) (1966) by David Lynch

How They Get There (1997) by Spike Jonze

Foutaises AKA Things I Like, I Things I Don’t Like (1989) by Jean-Pierre Jeunet

The Killers (1956) by Andrei Tarkovsky


Break Up the Dance (1957) by Roman Polanski

Geometria (1987) by Guillermo del Toro

Storytime (1968) by Terry Gilliam

Electronic Labyrinth THX 1138 4EB (1967) by George Lucas

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May the force be with you!

A Disney ajuda-nos a acreditar no amor

19:24:00 Unknown 0 Comments

Para os românticos, mesmo quando o monocromático reina, a vida pode ser a cores. A prova disso, é uma curta metragem realizada pela Disney sobre encontrar o verdadeiro amor. Paperman é o título, aos interessados, cliquem aqui.

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May the force be with you!

'Chocante' é como descrevem o filme, escondido durante 70, de Hitchcock!

00:57:00 Unknown 0 Comments


Memória dos Campos é o nome do documentário nunca visto de Alfred Hitchcock sobre o Holocausto, realizado em 1945 para mostrar aos alemães os crimes nazis. Este foi vetado pelos aliados com a justificação de as suas imagens serem muito chocantes, mas é agora, 70 anos depois, finalmente partilhado com o público.

Algo deixou Alfred Hitchcock em choque. É verdade. O “mestre do suspense” ficou tão horrorizado com as imagens da chegada das tropas aliadas aos campos de concentração, no fim da Segunda Guerra Mundial, que demorou uma semana até voltar aos estúdios. Mas foram essas imagens que lhe deram força para se empenhar na produção de um filme, que tinha como intuito mostrar aos alemãs a dimensão tenebrosa do holocausto.

Porem, isso acabou por não acontecer e a película nunca viu a luz do dia. as autoridades britânicas consideraram o filme tão forte, que não permitiram o seu lançamento oficial. Por trás dessa censura, também estava o facto de a obra poder complicar a reestruturação da Alemanha, pois ao apontar o dedo ao sucedido, o mais provável era que as responsabilidades caíssem sobre a população alemã em geral, podendo assim gerar mais revoltas.

Segundo o The Independent, a película Memória de Campos ficou durante anos armazenada no Museu Imperial da Guerra. Todavia, em 1984, uma versão incompleta foi projectada no Festival de Cinema de Berlim. Sendo no ano seguinte transmitida nos EUA, pela cadeia de televisão PBS, uma versão de baixa qualidade.

O motivo da divulgação do filme é a celebração de 70 anos da libertação da Europa do poder nazi, que se completam em 2015. Esta foi uma das razões pela qual o museu decidiu restaurar o filme de forma a mostrá-lo, oficialmente, ao mundo.

De forma concreta, sobre o filme, sabe-se que é composto por imagens da chegada das tropas aliadas aos campos de concentração, sendo depois recebidas pelos sobreviventes e mais tarde recuperando os debilitados e buscando os corpos dos que morreram por doença ou extermínios em massa. O filme é filmado por soldados britânicos e soviéticos. As imagens revelam também campos de concentação como Auschwitz, Bergen-Belsen (cerca de metade do filme), Buchenwald e Dachau.

Toby Haggith, curador principal do Museu Imperial de Guerra, adiantou que os comentários de quem viu o filme descreviam como era terrível e brilhante, ao mesmo tempo.

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May the force be with you!

Zero Theorem, o novo filme de Terry Gilliam

00:39:00 Unknown 0 Comments

Wow. É o que tenho a dizer sobre o trailer do novo filme de Terry Gilliam. Para quem não chega lá só pelo nome, é o mesmo realizador de Brazil, 12Monkeys, Fear and Loathing in Las Vegas, co-realizador do Monty Python and the Holy Grail e actor do Monty Python.

Zero Theorem tem a presença do fabuloso Christoph Waltz (Django Unchained) e um aspecto delicioso: o toque futurista, surrealista e colorido salta à vista.

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May the force be with you!

Down in Tarantino

00:29:00 Unknown 0 Comments


Odiado por uns, idolatrado por outros. Seja qual for a condição, a verdade é que Quentin Tarantino não deixa ninguém indiferente e, como dizem muitos sapientes cineastas, o cinema serve para provocar emoções naqueles que o visionam. Desta feita, ora para o bem ora para o mal, o pai de Reservoir Dogs, entre outros filmes, consegue, com exímio, passar nesta 'prova'.

Segue uma das mais famosas cenas do seu filme, Grindhouse, Death Proof. Para variar, com uma interessante escolha sonora, neste caso The Coasters, com Down in Mexico.



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May the force be with you!

Crítica | Her (2013), de Spike Karen Jonze.

00:27:00 Unknown 2 Comments

É impossível não sentir, com "Her". Em cada cena, podemos encontrar um pouco de nós: daquilo que fomos, daquilo que somos e daquilo que seremos, enquanto humanos e seres relacionais.

Pela primeira vez, penso que Scarlett Johansson conseguiu chegar ao patamar de grande actriz. Surpreendentemente, apenas com a voz, "Her" é a sua melhor prestação. No entanto, é Joaquin Phoenix que incendeia e preenche a tela, a maior parte do tempo: desde o início até ao fim do filme. Por tudo isto, é terrível pensar como esta obra, e todos os seus elementos integrantes, tem sido deixado à revelia de nomeações que o distingam.

Spike Jonzen deixa mais uma vez o seu cunho. A introspecção. A necessidade de encontrarmos respostas; de nos encontrarmos a nós mesmos. O medo. A Ansiedade. A fúria. A luta interna. O querer fugir, sem sair do lugar. A incerteza de estarmos a viver a vida certa, com a pessoa certa, ou por outro lado, a dúvida de não sabermos o que seria o não o fazer. 

Em "Being John Malkovich", em "Adaptation" e ainda "Where the Wild things Are", este realizador já deu mostras de conseguir transpor o ecrã, chegando directamente ao coração e mente do público. E em "Her" repete-o, tão bem, ao ponto de envolver o espectador, não apenas com o intuito deste seguir a história, mas, chegando a outro nível, em que o inclui emocionalmente na narrativa; fazendo-nos reviver as nossas próprias histórias.

É interessante o distanciamento possível e objectivo, mas, bem real, sentido entre as duas personagens. Inicialmente, tal como se ambas fossem fisicamente existentes no mesmo espaço, sentimos, percebemos e sorrimos com o 'teasing'; aquele inicio de romance, a paixão, em que tudo é natural, perfeito, com os seus defeitos e parece eterno. Depois, sentimos, o mundo real. Uma semiose de emoções toma conta de nós. Deixamos de ter apenas sensações positivas. O ar falta. Não temos certeza 'de onde nos encontramos'. O limbo, esse chamado amor ou suicídio dele, em que temos consciência de que deixamos de ser nós, para sermos parte de algo...Mas, tal como a estrutura que permite ao carro andar, uma relação apenas funciona se as pessoas 'se encontrarem', estiverem dispostas a lutar, funcionando, sacrificando os seus 'eus' em troca de um 'nós'. E, é aí, nesse exacto e ínfimo momento que percebemos que nada tem volta, que não podemos repetir, nem apagar, que inevitavelmente acabou. Aquilo que foi, agora já não é. Mudamos. Evoluímos. E de repente somos gigantes e, tal como começou, acaba, pois já não cabe dentro de nós. Contudo, algo perdurará para sempre, perdido no tempo, ou num espaço impossível de localizar; numa gaveta da nossa memória, colocada no limbo, em que contamos a nós mesmos essas mesmas histórias que um dia fizeram parte da nossa vida.

Apesar de poucas serem as personagens, o filme de Spike Jonzen é essencialmente sobre pessoas. Sobre os seus sentimentos e formas de se relacionarem. Sendo, para mim, um dos melhores do ano, ou até o melhor.

Em "Her" sofremos. Por nós. Pelas personagens. Pela humanidade. Nesse futuro que não parece ser muito distante, apresentado no filme, o mundo não será certamente um sítio muito diferente do que é agora, nem melhor. Aparte do aspecto pálido de todas as personagens, mais semelhantes a robots e mais apáticas, contrastando com a voz dos iOS's que parecem vibrar com um mundo que nunca poderão empiricamente conhecer.

As emoções continuam a ser, ainda, um dos nossos grandes desafios. Essas que não são controladas, nem mesmo nos mecanismos electrónicos, que passam a ser o nosso espelho, mesmo que num 'universo' não palpável. Um universo em que estamos todos igualmente sozinhos, isolados nas nossas ideias, em que amar pode significar o mesmo para todos e nada para ninguém. Em que podemos ser de alguém ou de ninguém. Onde nada faz sentido, fazendo. Em que não podemos contrariar a nossa própria natureza, a de mudar, deixando para trás quem não o fez...

Subimos para o telhado; escrevemos uma carta a quem sofreu por nós ou nos fez sofrer. Percebemos que o mundo não é assim tão linear, que por mais certezas que tenhamos, nunca teremos a verdadeira resposta.

A vida é apenas uma pequena caminhada, na qual somos efémeros. A alegria é talvez a nossa plenitude, que teimamos em não alcançar, sabotando-nos, alternadamente, até que no fim ficamos com nós mesmos, podendo finalmente descansar.

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May the force be with you!

Oscares 2014: Quando mais quantidade, não significa qualidade.

00:21:00 Unknown 0 Comments

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Está pública a lista de nomeados aos Oscar 2014. Para variar, as faltas são muitas e as injustiças também. O desprezo que o grupo de hollywood parece ter por alguns actores e realizadores faz-se cada vez notar. Mas lamurias à parte, vamos lá a uma pequena análise. 

Melhor filme: Falta Blue Jasmine, Before Midnight e About Time, ou seja arrumava com o American Hustler e o Gravity, pelo menos. Melhor Actor: Falta, o que a meu ver é inconcebível, o cada vez maior Joaquim Phoenix. 

Melhor Actriz: A Bullock é sequer considerada actriz? As faltas são tantas que é difícil enumerar...E Amy Adams para mim continua a ser mediocre e ainda não vi um único filme em que ficasse impressionada com a sua prestação.

Melhor Actor Secundário: Tenho a dizer que fiquei bastante desiludida com a prestação de Bradley Cooper em American Hustler...

Melhor Actriz Secundária: Lawrence, vamos mesmo continuar com o hype de uma suposta actriz que tem apenas sempre a mesma expressão e performane que varia com o grau de histerismo?; acho que poderiam ter outras adições, a começar, por darem reconhecimento ao 'papel' da Scarlett em Her, mesmo que se só tratasse da voz, penso que é o melhor filme dessa actriz que pouco simpatizo.

Melhor Realizador: onde está mais uma vez o Spike Jonze, Woody Allen ou mesmo Richard Linklater?

Filme estrangeiro: Gosto que tenham incluído o The Hunt, merece muito, mas tenho pena que outros géneros sejam postos de parte como um certo falado em francês. Sim, La vie d'Adele.

Melhor Argumento, fico feliz por o Before Midnight estar incluído... 

Outros comentários: Se houvesse uma menção para cineasta revelação, dava certamente a JGL e gostava de ver aqui também o Frances Ha, mas admito que não sei especificar bem em qual categoria, apesar de ser superior a muitos que constam nas listas. Outra adição a categorias deveria ser o About Time.


Lista completa (a amarelo estão assinalados os meus eleitos):

MELHOR FILME
«Golpada Americana»
«Capitão Philips»
«O Clube Dalas»
«Gravidade»
«Her»
«Nebraska»
«Philomena»
«12 anos Escravo»
«O Lobo de Wall Street»

MELHOR REALIZADOR
David O. Russell - «Golpada Americana»
Alfonso Cuarón - «Gravidade»
Alexander Payne - «Nebraska»
Steve McQueen - «12 anos Escravo»
Martin Scorsese - «O Lobo de Wall Street»

MELHOR ATOR PRINCIPAL
Christian Bale, «American Hustles»
Bruce Dern, «Nebraska»
Leonardo DiCaprio, «O Lobo de Wall Street»
Chiwetel Ejiofor, «12 Anos Escravo»
Matthew McConaughey, «O Clube de Dallas»

MELHOR ATOR SECUNDÁRIO
Barkhad Abdi, «Capitão Phillips»
Bradley Cooper, «Golpada Americana»
Michael Fassbender, «12 Anos Escravo»
Jonah Hill, «O Lobo de Wall Street»
Jared Leto, «O Clube de Dallas»


MELHOR ATRIZ PRINCIPAL
Amy Adams, «Golpada Americana»
Cate Blanchett, «Blue Jasmine»
Sandra Bullock, «Gravidade»
Judi Dench, «Philomena»
Meryl Streep, «Um Quente Agosto»

MELHOR ATRIZ SECUNDÁRIA
Sally Hawkins, «Blue Jasmine»
Jennifer Lawrence, «Golpada Americana»
Lupita Nyong'o, «12 Anos Escravo»
Julia Roberts, «Um Quente Agosto»
June Squibb, «Nebraska»

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
«Os Croods»
«Gru - O Maldisposto 2»
«Ernest & Celestine»
«Frozen»
«The Wind Rises»


MELHOR FOTOGRAFIA
«The Grandmaster»
«Gravidade»
«Inside Llewyn Davis»
«Nebraska»
«Prisoners»


MELHOR GUARDA-ROUPA

«Golpada Americana»
«The Grandmaster»
«O Grande Gatsby»
«The Invisible Woman»
«12 Anos Escravo»

MELHOR DOCUMENTÁRIO
The Act of Killing
Cutie and the Boxer
Dirty Wars
The Square
20 Feet from Stardom

MELHOR CURTA DOCUMENTAL
«Cave Digger»
«Facing Fear»
«Karama Has No Walls»
«The Lady in Number 6: Music Saved My Life»
«Prison Terminal: The Last Days of Private Jack Hall»


MELHOR MONTAGEM
«Golpada Americana»
«Capitão Phillips»
«O Clube de Dallas»
«Gravidade»
«12 Anos Escravo»

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
«The Broken Circle Breakdown», Bélgica
«The Great Beauty», Itália
«The Hunt», Dinamarca
«The Missing Picture», Cambodja
«Omar», Palestina

MELHOR CARACTERIZAÇÃO
«O Clube de Dallas»
«Jackass Presents: Bad Grandpa»
«The Lone Ranger»

MELHOR MÚSICA
«The Book Thief», John Williams
«Gravidade», Steven Price
«Her», William Butler and Owen Pallett
«Philomena», Alexandre Desplat
«Saving Mr. Banks», Thomas Newman

MELHOR BANDA SONORA
«Alone Yet Not Alone», filme homónimo
«Happy», filme «Gru - O Maldisposto 2»
«Let it Go», filme «Frozen»
«The Moon Song», filme «Her»
«Ordinary Love», filme «Mandela: Longo Caminho Para a Liberdade»

MELHOR DIREÇÃO ARTÍSTICA
«Golpada Americana»
«Gravidade»
«O Grande Gatsby»
«Her»
«12 Anos Escravo»

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
«Feral»
«Get a Horse!»
«Mr. Hublot»
«Possessions»
«Room on the Broom»

MELHOR CURTA-METRAGEM
«Aquel No Era Yo (That Wasn't Me)»
«Avant Que De Tout Perdre»
«Helium»
«Pitaako Mun Kaikki Hoitaa?»
«The Voorman Problem»

MELHOR MONTAGEM DE SOM
«All Is Lost»
«Capitão Phillips»
«Gravidade»
«O Hobbit: A Desolação de Smaug»
«Lone Survivor»

MELHOR MISTURA DE SOM
«Capitão Philips»
«Gravidade»
«O Hobbit: A Desolação de Smaug»
«Inside Llewyn Davis»
«Lone Survivor»


MELHORES EFEITOS ESPECIAIS
«Gravidade»
«O Hobbit: A Desolação de Smaug»
«Iron Man 3»
«O Mascarilha»
«Star Trek Além da Escuridão»

MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO
«Antes da Meia Noite»
«Capitão Phillips»
«Philomena»
«12 Anos Escravo»
«O Lobo de Wall Street»
MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL
«Golpada Americana»
«Blue Jasmine»
«O Clube de Dalas»
«Her»

«Nebraska»

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Crítica | The Wolf of Wall Street (2013), de Martin Scorsese

22:33:00 Unknown 1 Comments


The Wolf of Wall Street é definitivamente uma das melhores obras do realizador Martin Scorsese, para não falar de uma das melhores a figurar no plantel dos nomeados para os Oscares 2013. De Taxi Driver a Goodfellas, passando por The Aviator, Gangs of New York, Kundun, Casino, The Age of Innocence, Cape Fear, The Last Temptation of Christ, The Color of Money, After Hours, The King of Comedy", Raging Bul, New York, New York, Alice Doesn't Live Here Anymore, Mean Streets, o cineasta americo-italiano continua a brindar-nos com grandes películas. De ressalvar, é a passagem, cada vez mais evidente, ou se lhe quisermos chamar de forma mais terna, 'adopção', de Robert De Niro, como protagonista dos seus filmes, para Leonardo Dicaprio, uma vez que o 'Wolfie' marca a celebração do quinto filme da dupla. Foi em Gangs of New York que Dicaprio apareceu pela primeira vez num dos seus filmes: Bastante prematuro, mas igualmente talentoso, embora ainda na sombra da sua beleza juvenil. Depois vimos o mesmo em The Aviator, com uma excelente personagem biográfica (Howard Hughes), que lhe mereceu a nomeação a um Oscar de melhor actor (sendo pessoalmente uma das minhas performances preferidas). Mais tarde, seguiu-se o remake The Departed e por fim Shutter Island.

Todos já vimos Leonardo Dicaprio em vários registos, mas, creio, que a personagem no novo filme de Martin Scorsese lhe assenta que nem uma luva. Digamos que, à medida que visionamos o filme, ficamos hipnotizados com a sua performance: entre a repulsa, admiração e compaixão, criamos ali um alter ego; identifica-mo-nos com um quase 'vilão' que tem algo de bom, como cada um de nós, desejamos - por mais vergonhoso que seja admiti-lo - viver tudo aquilo, mergulhando na adrenalina que nos é transmitida, frame a frame, até ao fim do filme. É difícil encontrar a receita concreta que deu origem a uma personagem tão rica e entusiasmante. Lembra-mo-nos de várias 'personas' já criadas no mundo do cinema, ou nos filmes do realizador, mas nenhuma como Jordan Belfort (interpretada por Dicaprio). Talvez a explicação resida no facto de ser baseada numa pessoa real, e dessa mesmo ter existido, como foi o caso da personagem de Howard Hughes, desempenhado anos antes pelo actor. Antes de ver o filme, Joaquin Phoenix era o meu escolhido, devido à prestação em Her, para vencer o Oscar de Melhor Actor. Porém, depois do filme sobre a Bolsa mais famosa do mundo, passou a ser Leonardo Dicaprio, sem pensar duas vezes, o eleito (nem que seja por causa desta cena http://gifrific.com/wp-content/uploads/2013/08/Leonardo-DiCaprio-Dancing-The-Wolf-of-Wall-Street.gif - estou a brincar, claro). Certamente, não levará a estátua dourada para casa - isso já ele espera, como tantas outras vezes -, mas não deixa de ser vergonhoso evidenciar como a Academia deixa em branco, mais uma vez, um papel tão poderoso e peculiar, para não falar de todos os outros já desempenhados pelo mesmo actor no passado; comecemos por What's Eating Gilbert Grape, onde ficou de lado com a nomeação para melhor actor secundário.

Mesmo que longo, The Wolf of Wall Street não nos aborrece, nem por um mero segundo. Somos engolidos por uma história que tem uma evolução e ritmo frenético, a juntar ao ecletismo de géneros que extravasa o espectador. Rimos, bastante. Suspiramos, sentimos tensão. Receio. Vestimos a pele do personagem; criamos empatia. Compreendemos o mundo entre a corrupção e companheirismo de 'Wall Street', de NY. Temos ali algo vivo e brilhante, mesmo que não perfeito, que certamente merece um lugar entre os unicórnios da história do cinema, e não será, espero eu, esquecido como a maioria dos pseudo-nomeados ao Oscar, que nem o estatuto de filme de culto merecerão.

Além da personagem/prestação de Dicaprio, já aqui comentada, temos um rol de actores que nos surpreendem ou corroboram a ideia que podíamos ter deles. Matthew McConaughey tem um papel breve, mas inesquecível. Jonah Hill reitera a sua versatilidade com este filme. Rob Reiner, mais lembrado na tv, salta para a tela. E Margot Robbie, nada mal, consegue encaixar plenamente no papel, apesar da presença feminina no filme em geral ser diminuta.

The Wolf of Wall Street não é oco. Levitamos entre dois mundos: o do trabalho e o pessoal. Temos uma história e personagem completas. Nos mesmos mergulhamos num ambiente de drogas, crime, prostitutas, excessos, competição, onde vale tudo, onde a equação dos valores é constante, onde o síndrome de Deus também. Belfort cria uma família, uma legião. E ao contrário da maioria dos líderes, não usa a repressão, usa o culto ao trabalho e dinheiro, sim, mas serve-se astutamente da sua história de vida como exemplo e de 'prémios' muito motivadores. Nada mau, afirmo, para um filme que surgiu das memórias de um corrector de bolsa, que basicamente expôs as histórias das fraudes executadas laboralmente e da sua vida privada, entre o período do final dos anos 80 até aos anos 90. O carácter sociológico e histórico da obra é também um dos trunfos da narrativa. A sexta-feira negra é um dos episódios presentes, assim como algumas práticas que começaram a ser comuns, como a lavagem de dinheiro para o estrangeiro e a sua investigação por parte do FBI. 

Outro dos pontos a favor do filme, é não ter uma história previsível, apesar de ser difícil pensar no que vem a seguir dada a energia de cada cena, que nos absorve por inteiro. O princípio, meio e fim estão sempre repletos de novos informações que não contrariam as restantes, anteriormente apresentadas ao longo de quase três horas. Para não falar das cenas de sexo bem ousadas, com direito a fetiche, consumo de estupefacientes - imaginem o cigarro substituído por drogas na nouvelle vague - e de tudo parecer adequadamente bem escolhido para transmitir a devida sensação/emoção/reacção ao espectador.

Assim como em Wall Street, tudo tem um preço: diz-nos o filme. Aprendemos ou relembramos como a sociedade pode ser barata. Como o jogo de interesses é algo comum e inevitável, num mundo onde tudo parece estar à venda, até a dignidade. Idolatramos pessoas, as quais não conhecemos, as quais nunca saberemos como chegaram ali, a não ser pelas suas palavras pouco neutras. Depara-mo-nos com uma sociedade onde ser bem sucedido é o mais importante, onde todos se acham especiais, talentosos, não olhando a meios para atingir o 'pódio', onde há muito nos despedimos da moral. Mas quem diz que isso não é divertido?...Atirem a primeira pedra, por favor.

Nesta comédia negra, rápida, promíscuo e deliciosa, Scorsese torna-se um ilusionista. Com planos diversificados, ousados e bem aplicados (ao contrário de um certo realizador cujo filme também está na corrida para os Oscares, sim, American Hustle), o realizador de sobrolhos carregados deixa-nos viciados naquele impressionante espectáculo de câmaras, cores e performances dos actores. Temos um Leonardo que nos agarra com unhas e dentes, um lobo nato da comédia negra - já iniciado em Catch Me If You Can, para os mais esquecidos -, que finalmente, não deixa dúvidas, e se apodera de todos nós.

Nota: 9/10

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Filmes 2013 que vale a pena ver

23:07:00 Unknown 0 Comments

Vale a pena consultar esta interessante lista de filmes que em 2013 nos passaram ao lado (ou então não). Podem ver a partir deste link, no qual contem também o trailer e pequena sinopse.

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CRÍTICA: Dallas Buyers Club (2013)

22:19:00 Unknown 0 Comments


[As seguintes linhas contém SPOILERS]

Do Texas, com amor, chega-nos, mais uma vez - todavia desta a relembrar papéis mais antigos - ,  Matthew McConaughey que agarra com unhas e dentes (ou de corpo e alma dado as já repetidas transformações físicas) a sua personagem em Dallas Buyers Club. Lembram-se dele em Dazed and Confused? A Time to Kill? Lone Star? Ou o já contemporâneo filme de Friedkin, Killer Joe? Bem, no novo filme de Jean-Marc Vallée (conhecido por filmes como C.R.A.Z.Y, The Young Victoria e Café de Flore) podemos encontrar uma personagem com esta mesma intensidade, num registo algo dramático, mesmo que não assuma o papel de vítima, como seria de esperar dado o tema (como acontece em Philadelphia, com Tom Hanks), optando antes por um olhar mais sarcástico e frontal.

Dallas Buyers Club remete-nos à ideia real de que não é preciso ser-se homossexual para conhecer, de perto, aquela inimiga crónica designada de Sida. Muito embora, a maioria da comunidade afectada seja gay, tal como evidenciamos no filme, cuja história remonta a 1985, em Dallas, EUA.

Ron Woodroof é o verdadeiro estereótipo de 'cowboy': sexo desenfreado nas boxes; várias mulheres e aventuras sem tabus; muito álcool; drogas q.b; em suma, carpe dien. Até ao dia em que a sua vida muda, ou é obrigada a mudar: Ron é diagnosticado com HIV, depois de sentir-se mal e ser levado ao hospital. Numa primeira fase, a preocupação é pouca. A personagem é apoderada pela ideia de 'isto não pode estar a acontecer comigo'. Luta contra-ela.

Primeiro estado: Negação. Checked. Porém, mais cedo ou mais tarde, não adiantar ignorar, o corpo ressente-se,a mente...tudo. E é aí que a jornada, a luta, todos os esforços de Ron começam a multiplicar-se.

Segundo estado: Aceitação. Primeiro, tenta adquirir um medicamento que é apontado como a nova esperança para os doentes com SIDA. Contudo, não tarda a perceber que mais que ajudar, o seu sistema imunitário está a ser destruído por essa falsa 'solução', credibilizada pela FDA para fazer dinheiro. Convicto de que pode fazer mais, vai ao México. Conhece um ex-doutor que lhe aconselha alguns medicamentos, muito deles à base de vitaminas, que quase por magia prolongam de 30 dias (tempo dado de vida pelo médico americano que lhe diagnostica a doença e colabora com a administração do outro medicamento) para 7 anos o seu tempo de vida. Ao longo desta busca, Ron conhece logo nos primeiros tempos uma personagem algo caricata, Rayon, interpretada brilhantemente por Jared Leto. A mesma tece o laço entre a comunidade homossexual e Ron, que cria uma espécie de 'club', onde se podem fazer sócios, desfrutando, assim, dos mesmos medicamentos que lhe possibilitaram continuar vivo muito além da esperança de vida primordialmente dada pelos médicos...

Terceiro estado: Mudança. Se por um lado esta ligação com a comunidade gay afectada pela SIDA foi em primeiro lugar puramente comercial e egoísta, isso tende a mudar com o desenrolar da narrativa. Quanto mais constata o quão é importante para ele a medicação, mais Ron começa a ter um sentido de solidariedade para com aqueles que estão na mesma situação que ele. E é aqui que o filme consegue assemelhar-se à realidade, uma realidade que não é instantânea, em que evoluímos de acordo com as nossas experiências e, infelizmente, muitas vezes, tragédias pessoais. Neste sentido, acho que é aqui que Dallas Buyers Club ganha pontos a outros filmes que tratam o mesmo tema. A ideia não é provar o quão boa se pode tornar a personagem principal, mas, antes, que a sua perspectiva sobre a vida e estereótipos sobre as pessoas podem mudar. A título de exemplo, se na primeira cena vemos Ron a quase agredir Rayon, a meio do filme, vemos Ron a fazer alguém respeitar o jovem transviado, e já no fim observamos e sentimos a revolta do 'ex -cowboy' por a vida não ter sorrido ao seu já amigo.

Mais do que o sistema ilegal desenvolvido em paralelo com as experiências da FDA em pacientes seropositivos, o filme fala de pessoas. Estas que tendem a esquecer que existe mais do que bondade no mundo; existe interesse e descriminação: desmesurada, irreflectida e irracional, que leva milhares de pessoas à morte.

No entanto, mesmo que a história seja interessante, nem todos os elementos estão bem escolhidos no filme. Menos radiante do que Matthew e Leto, está Jennifer Gardner, o que até nem é de estranhar dada a mediocridade de quase todas as suas prestações na sua filmografia. A ideia de uma médica lutadora, fica um pouco aquém, pois recaímos sobre uma espécie de 'deja vu' de outros papéis da mesma, atirando-a para a pobreza das suas capacidades performativas. Felizmente, um filme não se faz só com um actor, e o resto do cast, que é basicamente o duo masculino McConaughey-Leto, arrasa, levando-nos às lágrimas. Entre gargalhadas - dada a troca de galhardetes entre as duas personagens - , a homofobia é posta de parte, especialmente quando há a capacidade de falar das coisas, problemas e sexualidade de cada um sem tabus. As piadas, essas, são uma espécie de abrir portas à compreensão. São o caminho de passagem encontrado pelo argumentista para levar-nos a viajar pela aceitação da homossexualidade, enquanto heteros. E como resulta! A certa altura encara-mo-nos como o publico que vê com naturalidade tudo o que nos é apresentado, à semelhança do que acontece com o protagonista. Por muito cruel que possa ser, Ron começou verdadeiramente a viver quando percebeu que era humano e tinha os dias contados. Talvez 'Deus' escreva mesmo por linhas tortas, e o sofrimento nos faça vivos, nem que seja por menos tempo, sentimos, abandonando a generalizada apatia do ser, para nos transformar-mos por segundos em Deuses.

Para alguns, Dallas Buyers Club pode ainda ser um filme de difícil digestão. Todavia, acredito que o tratamento do assunto em questão é bem executado, tratando as pessoas da maneira que são no mundo real: sem pieguices (apenas as necessárias), com brutalidade (mostrando um desenvolvimento físico bastante chocante, dada a debilitação, provocada pela doença e drogas, de Ron e Ray), optando por em vez de cruzar os braços, encontrar um novo caminho de sobrevivência e de viver os últimos dias de uma forma mais digna e emocional. Vale a pena ver.

Nota: 7,5/10.

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May the force be with you!

Uma das mais belas cenas finais - Les 400 Coups

23:55:00 Unknown 3 Comments

François Truffaut brinda-nos com uma obra emocionante, marcada por este fabuloso final.

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May the force be with you!

Breakfast at Tiffany's - Audrey Hepburn

23:34:00 Unknown 0 Comments

Porquê o fascínio por este filme? É difícil explicar com apenas um motivo, pois são vários, dos quais alguns um pouco difíceis de expressar através das palavras. Começando pela história, no geral, é maravilhoso como a obra original, que falava de uma mulher que não era muito mais do que uma acompanhante de luxo, se tornou em algo tão clássico e icónico devido à presença de Audrey Hepburn no papel principal.  Fazendo com que até hoje tenha passado ao lado de muitas pessoas, que viram o filme e o idolatram, o que realmente era a personagem Holly. Supostamente, tinham pensado na actriz Marilyn Monroe, ou alguma com o mesmo perfil, para o papel, mas, felizmente, não o fizeram. E o facto de não o terem feito, fez com que "Breakfast at Tiffany's" se torna-se no filme de culto que é hoje. No qual o encanto, presença e graciosidade de Hepburn se sobrepôs ao papel que lhe foi conferido, dando um novo significado, bem mais profundo e sério, à história base.

Mais de 50 anos depois da sua criação, a película de Blake Edwards continua a encantar cinéfilos por todo o mundo. Uma comédia romântica, que também tem o seu qb de dramática. Aliás, em alguns aspectos é extremamente cruel e real, demonstrando algumas emoções transversais a muitas mulheres, quiçá humanidade. Dúvidas, conflitos internos, arrependimentos, medos e autodestruição são alguns dos temas expostos no filme com a ajuda de uma personagem que ficará para sempre nos corações - Holly. Sendo que esta toca e canta uma música verdadeiramente apaixonante chamada Moon River, memorável.

 Além de um belo elenco, que conta também com George Peppard, o filme tem ainda mais predicados. Mas certamente a personagem desempenhada por Audrey é o maior deles. A mulher que escolhe um gato para animal de estimação porque "não pertence a ninguém"; com um animal que se chama Cat por não precisar de rótulos, nomes ou donos; com uma personalidade controversa, neurótica, divertida, apetecível e irresistível, que nos faz esquecer que é humana. Que nos faz sentir ela.
 Quem é que nunca se imaginou na pela desta mulher? Quem é que nunca desejou fugir ao seu destino ou realidade? Quem é que nunca sorriu quando na verdade apenas queria chorar?... Sim, levantem os dedos e acusem-se. Um a um. Porque em "Breakfast at Tiffany´s" temos esta simbiose de sentimentos que começa nas personagens e acaba por invadir o público. Temos momentos cómicos e momentos verdadeiramente tristes, tocantes. Temos cada um de nós a ser projectado naquela tela. Com um grande rol de incertezas que nos fazem, por vezes, não querer dormir para não descobrir como será o dia de amanhã. Mas que, ao mesmo tempo, nos fazem ter curiosidade sobre o que o destino nos reserva ou se realmente este nos reserva algo. Se algum dia viveremos na loja da Tiffany's, ou se ficaremos para sempre presos no nosso interior, à luta com o nosso maior inimigo: nós próprios. É nisto e muito mais que a película nos faz reflectir. Confesso que dificilmente consigo assistir o filme sem ficar emocionada ou chorar. Seja pelo contexto em que o vi pela primeira vez, que já faz parte de um passado que nunca voltará a repetir-se, ou por tudo aquilo que me faz sentir, pensar e lembrar.

Por isso, a todos os que ainda não viram esta maravilhosa película, recomendo, vivamente, a o fazerem o mais depressa possível. Enquanto isso, continuarei a revê-lo até me cansar...

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May the force be with you!

Crítica: Frances Ha (2012)

23:28:00 Unknown 0 Comments


Frances Ha (2012). Não diria brilhante, mas bem apresentada é a história e personagem presente neste filme. Frances. Pequena por dentro e grande por fora debate-se com um conjunto descontrolado de sentimentos e desejos empatados por uma inércia quase inerente a maioria dos jovens-adultos. Da dependência até ao encontro da alma gémea, vê-mos Frances reagir a acontecimentos com os quais a mesma não sabe lidar.

Algumas menções: à banda sonora (temos “Modern Love”, de Bowie), à escolha monocromática que contrasta com a personalidade bem colorida da protagonista, e à escolha de actriz (Greta Gerwig) para dar corpo à protagonista.

O filme de Noah Baumbach (The Squid and the Whale e Greenberg) está longe de ser uma história de amor, sendo uma espécie de história sobre a vida, mais concretamente sobre o significado que resolvemos dar à mesma, com o traçamento de objectivos e o encontro de paz interior do animal selvagem que todos guardamos cá dentro...Sem dramas exagerados, muito perto do real, Frances Ha, com pequenos pormenores, consegue fazer o espectador interessar-se pela narrativa cómico-dramática e personagens que vão desfilando ao longo de cerca de uma hora e meia de filme.

Nota: 7/10

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May the force be with you!

A Outra Genealogia de Woody

23:24:00 Unknown 0 Comments

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