Alma.

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Crítica | American Hustle (2013), de David O. Russell

07:33:00 Unknown 0 Comments


À imagem de Ícaro que ousou voar demasiado perto do sol e, por isso, as suas asas artificiais derreteram, remetendo-o a uma morte dolorosa por afogamento, o mais recente filme de David O.Russell, American Hustle, segue as mesmas pisadas que esta figura da mitologia grega. Ao ostentar chegar tão alto, com uma fórmula dissimulada, repleta de tentativas e artimanhas que dão a sensação de deja vu - e por esta sensação compreenda-se o trabalho de Martin Scorsese -, o nomeado para 11 Oscares cai abruptamente num mar de heresias, essas evidentes para os mais fieis amantes do realizador lesado e do género em questão: o crime cómico-dramático. 

Relembremos o elenco. Temos um conjunto de actores já familiares do público, sendo que alguns deles já deram mostras do seu talento. Depois, temos actores que teimam em tentar brincar aos actores, e, com isto, refiro-me, especialmente, a duas actrizes que têm sido levadas ao colo pelo hype que gira em torno das duas: Jennifer Lawrence e Amy Adams. Até ao momento, apenas as vi a conseguir preencher os requisitos mínimos dos filmes onde entraram, não havendo nenhuma prestação que me tenha ficado na memória, e por alguma razão isso aconteceu. Tanto uma como outra fazem exactamente o mesmo papel que há um ou dois filmes atrás, aumentando no entanto o toque de histeria e uma indumentária/corte de cabelo mais espalhafatoso. Sim, em American Hustle, mais do que com performances somos bombardeados com decotes, que dão um tom gratuito ao filme, pois o descuido faz lembrar um filme de Michael Bay. A pena do sucedido reside no facto de haverem outros actores implicados na película. Falo de Christian Bale e Robert De Niro, sendo Bradley Cooper um alvo a abater dado que é apenas uma miragem da personagem que fez no anterior filme do realizador. As neuroses exacerbadas, com um tom do típico polícia trambiqueiro e frustrado tornam a personagem desinteressante e banal. Bradley não parece agarrar o papel com unhas e dentes criando uma 'nova persona', mas, antes, parece ter reciclado um conjunto de personagens que viu nos filmes de domingo à tarde. Volvendo a Bale e De Niro. O primeiro fisicamente encara optimamente a personagem, psicologicamente é que a profundidade da mesma é do tamanho de um charco e fica muito aquém dos papéis em que estamos já habituados a ver o ex-Batman. Já o ironicamente actor primogénito de Scorcese, falo de De Niro, aparece numa especie de cameo, muito mal aproveitado; servem-se apenas do peso deixado pela filmografia passada, onde fez papéis marcantes como mafioso. O restante cast passa ao lado, à excepção de uma cara conhecida que curiosamente integra o elenco de outro filme da corrida aos Oscares - Blue Jasmine -, e este é o comediante Louis C.K. 

O. Russel poderia facilemtne ter realizado um filme memorável ou pelo menos decente. A prova disso são alguns trabalhos não muito antigos como o Silver Linings Playbook (2012), The Fighter (2009) e Tree kings (1999), entre outros. Temos actores repetentes, que em outras circunstâncias foram bem dirigidos; temos histórias diferentes mas todas com grande potencial, pelo menos conceptualmente, embora na prática em The American Hustle, e talvez um pouco em Silver Linings Playbook não se verifique por completo. Falta alguma 'alma', sem querer recair demais na filosofia barata. Falta alguma coerência rítmica entre imagem/montagem e argumento, que evitariam certamente a esquizofrenia do filme.

Mas não são apenas estes os únicos 'descuidos' do filme. Também evidenciamos algumas falhas de pesquisa relativas à época, numa certa cena é usado um microfone dos anos 90 quando o filme se passa na década de 70 (uma observação conveniente da minha companhia). Vemos ainda planos totalmente-tipo plagiados de outros cineastas, a título de exemplo o famoso plano da mala de Tarantino (provavelmente inspirado em outros filmes) e outros movimentos de câmara muito típicos de Scorcese. O problema reside na forma abusiva como são aplicados, não respeitando de todo o ritmo da narrativa, estando por vezes completamente desenquadrados ou forçados. É triste verificar que um investimento tão grande, como parece ter sido o American Hustle, seja um flop. Longo, aborrecido e repleto de ingredientes que se bem misturados poderiam criar um belo prato a ser saboreado, e repetido, pelo público. No entanto, o resultado é exactamente o contrário: saímos da sala algo alienados, porém não por estarmos absorvidos pelo filme, mas, sim, por estarmos a questionar-nos qual o objectivo do mesmo, dada a previsibilidade da sua história desde meio da primeira parte.

Queria enaltecer alguns aspectos, como o risco corrido ao apostar numa abordagem assim, contudo questiono se será real ou se apenas O. Russel achou que o facto de inspirar-se em Socorsese iria passar despercebido aos olhos do espectador, fazendo-o acreditar que nesta nova obra estava apenas a renovar-se enquanto realizador.

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The Amazing Spider-Man 2 e A morte de Gwen Stacy

22:31:00 Unknown 2 Comments

Depois de a Sony ter partilhado o novo trailer de Amazing Spider-Man 2, que tem no total 3m05s, as especulações relativas à concretização da morte de Gwen Stacy aumentaram. No mesmo, podemos ver durante alguns segundos (1.5 s, mais exactamente, ao tempo 3:06-07) uma imagem de Peter Parker que parece falar por si no que diz respeito à resposta para a grande questão que assombra desde cedo esta sequela: Irá Gwen Stacy morrer?

De acordo com a banda-desenhada, e com os indícios que o novo trailer revela, a resposta parece ser positiva. Há fortes probabilidades de Gwen nos deixar neste segundo filme de Mark Webb, criando assim a viragem na história necessária para a introdução de outra personagem feminina, a popularizada Mary Jane.

Analisando de perto o segundo trailer, na já polémica imagem, vemos Parker vestido com o fato de spidey, enquanto grita, manifestando o seu sofrimento ou, por outro lado, um grande alívio; fica a dúvida. Este dilema vai-se manter até ao dia da estreia do filme - é certo - , no entanto, se reforçarmos a observação do clip, mesmo que queiramos estar cépticos relativamente aos presságios e acreditar que faz parte da campanha implícita de marketing, é irrefutável que o momento temido por todos os fãs está próximo!
Ora vejamos, Emma Stone, actriz que desempenha Gwen Stacy, aparece com roupas muito semelhantes à da personagem, lembrando assim a mesma no episódio do livro aos quadradinhos de 1973 (nomeadamente, The Amazing Spider-Man #121-123), no qual a mesma morre. Para pôr ainda mais achas na fogueira das suspeitas, durante a promoção do filme, Stone deixou escapar que está já delineado que os filmes sejam fiéis à história original: “I think the intention the whole time has been to tell Gwen’s story as closely to the comic as possible".

Todavia, há ainda quem contraria o fim trágico, pelo menos para já, da amada de Parker, para assumir em vez disso que poderá ser a Tia May a vítima. As bases para esta suposição estão nos momentos que inauguram o trailer e nos que finalizam o mesmo, nos quais as duas personagens dialogam de forma terna e divertida, demarcando assim a importância da familiar na vida do Spidey e, consequentemente, como a sua perda será terrível para o super-herói; recordemos que Peter perdeu cedo os dois pais e, mais tarde, por consequência dos seus actos, o seu adorado tio.

Apesar de todas as especulações, a verdade é que é preciso não esquecer que a manipulação das imagens num trailer pode ser muito poderosa e enganadora, levantando o véu para antecipar determinados momentos que podem nunca vir a realizar-se, pelo menos neste filme. Lembremos, no anterior trailer, a imagem que é propositadamente incluída, na qual Peter visita o cemitério - esta é mais uma maneira de inflamar as suspeitas da morte de Stacy, mas poderá apenas ser uma simples visita de Parker ao seu já falecido tio.

Segue o trailer, onde poderão ver melhor as marcas acima assinaladas e, assim, tirarem as vossas conclusões:



Já agora, analisando o trailer de forma genérica, este merece um thumbs up. A voz do Eletro e o humor presente no vídeo, fazendo lembrar o da bd, distanciando-se assim do impávido projecto de Spider-Man do Sam Rami, são visíveis e louváveis. Assim como uma interessante aparição, daquele que será o Duende Verde, aka Goblin. Em contrapartida, a escolha saturada das cores, complementada com o excesso de CGI, penada para dar um aspecto mais cartonesco, apenas funciona de forma negativa, a meu ver, parecendo o filme, por agora, ter o aspecto de um videojogo. Algo que no primeiro filme não acontecia, felizmente.

Em suma, esperemos que até à estreia do filme existam ajustes, senão ninguém morre...ups, a não ser, possivelmente, uma das personagens.

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Adeus Philip Seymour Hoffman: 1967-2014

20:45:00 Unknown 0 Comments


Não obedecia à imagem standard de actor de Hollywood, mas não era por isso que não se entregava de corpo e alma a cada papel, sendo louvado e admirado pelos mesmos. Philip Seymour Hoffman morreu este domingo, vítima do abuso de heroína; demorei uns segundos a acreditar. O seu coração parou de bater; todavia ficarão para ver e rever as quase cinquenta obras cinematográficas que integrou. Há quem o compare a Paul Giamatti. Erradamente, a meu ver. Seymour Hoffman foi bem mais, era dono de uma presença envolvida em tensão e respeito. Talvez a primeira por causa dos problemas que o assombravam e a segundo por ter passado pelos palcos do teatro, não esquecendo a sua transversalidade profissional: ele deu os primeiros passos na televisão. Ganhou um Oscar com o filme Capote, onde teve um excelente papel. Antes deu nas vistas em Boogie Nights e The Big Lebowski, tendo assim trabalhado com grandes realizadores. Foi mencionado para outros prémios, prosseguindo a sua carreira sempre em filmes bem escolhidos como Magnolia, Savages, The Master, Before the Devil Knows You're Dead, A Late Quartet entre muitos outros, dos quais ainda o não estreado God's Pocket. Tão multifacetado, um dos últimos filmes que entrou foi o comercial Hunger Games: Em Chamas, o qual o papel exigia continuidade que agora não será possível, infelizmente. 

Existia em cada filme, mesmo que por muitas vezes tenha sido actor secundário: o público lembra-se dele; lá.

E assim sobe aos céus mais uma estrela de Hollywood, e por cá perdemos mais um excelente actor, um dos poucos que ainda restam. 1967-2014.

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