Cinemateca: É preciso pensar...
Para aqueles que conhecem a Cinemateca, em Lisboa, penso que é deplorável o que se tem vindo a passar com este espaço nos últimos anos. Neste momento, não podem imprimir os programas. Mas aquilo que primeiramente era justificado pela falta de dinheiro, agora parece não o ser: "O orçamento já era problema. Mas o que paralisa a Cinemateca é a obrigatoriedade de pedir às Finanças para gastar o seu próprio dinheiro. A luz verde não chega a tempo, há coisas que deixam de ser feitas [o programa parece ser uma delas]." Podemos perceber a real situação através das palavras de Luís Miguel Oliveira, o responsável pelo programação: "O dinheiro é do nosso orçamento, mas como a impressão entra na rubrica relativa aos serviços especializados que são contratados no exterior, temos que pedir autorização ao Ministério das Finanças. Estamos a pedir autorização para usar o nosso orçamento, o que implica uma perda de autonomia administrativa."
O que é preciso também ter em mente é o que o Governo tem vindo a fazer (ou não fazer) nos últimos anos. Não temos sequer um ministério da cultura, temos um secretariado, temos gente, em outros blocos da função pública, incapaz de tratar a tempo de papéis para espaços culturais, que já são poucos, como a Cinemateca, poderem funcionar com já tão poucos recursos e ajudas. É uma situação ridícula, triste, de quem gasta mundo e fundos para receber figuras públicas e políticos estrangeiros, mas não o é capaz de o fazer pelo país, pelas pessoas, pela cultura que o caracteriza e lhe confere uma identidade única. É vergonhoso vermos as coisas a desaparecer ou morrer sem nada podermos fazer, num país com representantes sem perspectivas, sem interesses para lá dos económicos, pelo menos quando lhe convém. É quase como Portugal não existisse, é inócuo, porque um país sem cultura é um país morto.
Esta é apenas uma nota, como chamada de atenção para o panorama actual da Cinemateca Portuguesa, mas aconselho a todos a ler o seguinte artigo, que explica o que está realmente a acontecer: Cinemateca portuguesa: história de um quotidiano kafkiano. Vale a pena reflectir sobre isto, principalmente aqueles que prezam o cinema e que conhecem este maravilhoso espaço.
É verdadeiramente triste. Não tenho palavras. Os meus cumprimentos a quem ainda acredita e luta pela cultura em Portugal.
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