Crítica: "Machete Kills", mais uma vez...

22:06:00 Unknown 0 Comments

Há três anos, Roberto Rodriguez e  apresentaram-nos pela primeira vez Danny Trejo - o repetente secundário mexicano de um sem número de filmes - , como o protagonista do seu filme “Machete”. Depois disso, Dane Trejo passou para a ribalta. Deixou de estar escondido no background, onde se tornou um adorno familiar, com o passar dos anos. Talvez tenha sido a melhor escolha de todos os tempos realizada pela dupla de realizadores. Destacando o caso de Rodriguez, que, até ver, apenas congratulo por ter realizado os míticos “Aberto até à Madrugada” e o famoso grindhouse “Planet Terror”, sendo que os vários “Spy Kids” são para enterrar bem fundo, a sete palmos de terra, na memória de quem ama cinema.

Com o primeiro filme, o realizador apresentou-nos Trejo como um fora da lei movido pela sede de vingança, cujo destino se cruzou com um conjunto de belos exemplares femininos, que o fizeram encontrar um caminho melhor… Entre sexo, gore, deixas dignas de um filme de série b genuíno, “Machete” conquistou o público logo no primeiro filme. Com o segundo, “Machete Kills”, agora só realizado por Rodriguez, a continuação do sucesso não morre aqui. O filme consegue entreter e deixar-nos o cérebro respirar durante uma hora e meia, onde uma história nos envolve com belas e poderosas mulheres, como é o exemplo de Sofia Vergara, Michelle Rodriguez e Amber Heard. Para não falar das caras conhecidas, muitas delas improváveis, como Mel Gibson, Lady Gaga, Antonio Banderas e Charlie Sheen – este último sempre apresentado durante a promoção do filme e créditos como Carlos Estevez, que para quem não sabe é o seu nome de nascimento.
“Machete Kills” consagra o intuito iniciado em 2010 por “Machete”, um spin off assumidamente sátiro-violento, adaptado de um dos trailers falsos que acompanharam o lançamento do grindhouse de Tarantino-Rodriguez, em 2007. Curiosamente, ao contrário do primo bastardo que lhe abriu as portas, a obra de Rodriguez teve bastante sucesso na box office, reunindo alguns fãs.

O novo filme encabeçado por Trejo começa bem, com um trailer que se afiguraria como falso, intitulado “Machete Kills Again…in Space”. Contudo, no fim do filme acabamos por perceber que o trailer inicial não era falso e apenas anuncia a existência de uma sequela, que talvez seja demais…Ainda demais, foi o facto de a paixão por filmes de baixo orçamento ser trocada pela paixão por várias caras conhecidas brilharem. A enchente desta vez de actores famosos teve tanto de bom como de mau: além de desviar os olhares da paródia de série b, deixou a personagem de Trejo ofuscada, assim como a sua missão. Embora o argumento pudesse ser simples, o conjunto exagerado de actores secundários torna-o turvo. A ideia de um terrorista com várias personalidades, assim como de um cientista que não sabe o que será do mundo e por isso escolhe-o destruir, poderia funcionar muito bem como aconteceu no primeiro filme, mas nesta sequela a panela ferve e deita fora. Apesar de não ser o género de filme que tenha propriamente de fazer sentido, uma das personagens, que é também desempenhada por Lady Gaga, cria alguma confusão pois ficamos sem saber bem o seu propósito…A sua existência é demasiado forçada e desnecessária para o culminar do filme. Pedia-se mais criatividade num filme que se alonga com uma sequela.
Todavia, o filme tem também bons momentos. O humor está presente. Machete contínua com as suas frases padrão: “Machete don’t tweet”. A personagem de Amber Heard desempenha uma espécie de femme fatale. As personagens do primeiro filme conseguem marcar a continuidade e ter uma excelente prestação, ressalvo o caso de Michelle Rodriguez. Machete é Machete e Trejo sabe que não é preciso muitas falas para o ser. Exploitation é a palavra de ordem e de algum modo esta perdura: sexo, mulheres, efeitos especiais exagerados (lembremos a cena de morte que envolve entranhas), romance, muita carne à mostra, sangue que baste, subversão e muita muita destruição.
Caso o terceiro filme veja a luz do dia, tal como nos é sugerido na sequela, Rodriguez tem de meter mãos à imaginação e dar-lhe uma volta de 180º, deixando os 360º onde ficou bem próximo neste segundo filme.

Nota: 6,5/10.

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