Já não me lembro #3
Já não me lembro de alugar um filme. Falo das velhas cassetes, ou VHS's como é agora moda lhes chamar. Sinto nostalgia quando olho para a minha prateleira, onde tenho um conjunto bem jeitoso de cassetes da Disney. Sinto um certo sentimento também, ou melhor uma quase simbiose deles, quando olho para o meu armário da sala, que hoje em dia raramente é aberto, no qual tenho mais de 50 fitas gravadas. Desde desenhos animados - que alegraram a minha infância - a séries dos anos 80 e 90, como o MacGyver, que ainda pertenceram à geração dos meus pais, acabando nos fabulosos filmes que acompanharam os meus primeiros anos de vida. Filmes como "Night of the Living Dead", "Killer Klowns from Outer Space" e "Back to the Future". Até o "Terminator", faz parte dessa lista que ainda reside com uns anos valentes naquele armário, que já viu dias mais felizes. Hoje, olho para trás e fico a pensar que sem as VHS's a minha infância e gosto pelo cinema não teria sido o mesmo. Era tão normal gravar um filme. Era tão simples deixar o leitor programado, sair e voltar a casa e desfrutar de um belo produto da sétima arte. Isto porque antes a televisão ainda se importava de nos prestar esse serviço público, o de passar bons filmes, ou ao menos filmes. Os fins-de-semana eram invadidos pela "Lotação Esgotada", que em cada canal tinha um nome diferente, mas cujo objectivo era o mesmo - o de nos brindar com algumas horas de cinema gratuito.
O DVD, que actualmente ocupa um grande espaço nas prateleiras dos mais fieis cinéfilos, foi o malvado objecto que roubou o estrelado à cassete. É verdade, meus caros. Com ele - o DVD , vieram muitas coisas más. Veio a compra incessante de filmes que raras vezes são vistos, muitas vezes nem são abertos para manter o valor das edições especiais. Veio o boom da pirataria. As bancas das feiras estão há pinha com eles. Fraca qualidade. Mas é verdade, há quem compre. Não falo da pirataria feita através da Internet, pois de uma forma ou de outra essa iria existir um dia, apesar de com o DVD, esse processo se revele mais fácil. Mas o pior mal de todos foi o furtar de memórias, apenas possível com o aparecimento e ascensão do "Disco Digital Versátil" . Foram-se os clássicos que podíamos alugar no videoclub mais próximo. Foi-se mesmo a variedade infindável de opções que tínhamos, desde algumas pérolas ou filmes mais desconhecidos, que quando arriscávamos levar, por vezes tínhamos boas surpresas. Hoje, são poucos os estabelecimentos que ainda possuem uma variedade de filmes como antes encontrávamos nos videoclubs. Aliás, na minha zona apenas existe um Blockbuster, que geralmente está às moscas. E já não deve demorar muito a fechar. A morte da cassete foi assim a morte, a meu ver, de uma boa parte da aura, se assim lhe podermos chamar, da Sétima Arte. Foi uma viragem na vida de muitos cinéfilos, que cresceram a assistir conteúdos que agora já não encontramos na tv generalista ou mesmo nos canais por cabo.
Todavia, não me encarem mal ou como hipócrita. Eu confesso-me culpada. Tenho DVD's, montes deles, por sinal. Sofro do mesmo mal. Cometi também essa heresia. Mas, mesmo assim, já não me lembro de usar uma cassete, de gravar algo, de sentir o que nunca mais voltarei a sentir, mesmo que compre mil DVD's.
Todavia, não me encarem mal ou como hipócrita. Eu confesso-me culpada. Tenho DVD's, montes deles, por sinal. Sofro do mesmo mal. Cometi também essa heresia. Mas, mesmo assim, já não me lembro de usar uma cassete, de gravar algo, de sentir o que nunca mais voltarei a sentir, mesmo que compre mil DVD's.
Só espero é que não venha o dia em que apareça algo que venha substituir o DVD, senão lá teremos de trocar a nossa colecção toda de novo...
ResponderEliminarAliás, o digital está se mesmo a ver que veio para ficar...Provavlmente vai ser o futuro.
Só espero é que não venha o dia em que apareça algo que venha substituir o DVD, senão lá teremos de trocar a nossa colecção toda de novo...
ResponderEliminarAliás, o digital está se mesmo a ver que veio para ficar...Provavlmente vai ser o futuro.
Compreendo o teu saudosismo, mas este teu protesto não será mais nostalgia de tempos idos, do que da cassete em si? (gadget que nunca apreciei)
ResponderEliminarÉ que lembrar com saudades o tempo em que se via filmes em cassetes e se alugava filmes em videoclubes eu percebo. Saudades da cassete em si, mil vezes pior que o dvd e agora o blu-ray já não consigo entender. O dvd é uma cassete mais prática e que contém filmes com melhor qualidade. It's a win win situation xD
Uma reflexão nostálgica e repleta de memórias de tempos que já não voltam mais. A culpa não está no DVD mas sim na evolução dos tempos, da chegada à era do digital. No tempo do VHS e principalmente antes dele (que o vivi, ainda que tenuamente, sem duvida que o apelo à sala de cinema era bem maior. Afinal, poucos acessos existiam aos filmes. O começo do fim do cinema deu-se com o VHS na verdade. Se a inicio o universo VHS servia para complementar o que já não se poderia ver em sala, tendo a RTP uma função diferente da que tem hoje, onde uma exibição dum título era algo de importância acrescentada, o certo é que gradualmente o VHS e o mercado de aluguer tornou-se um mercado paralelo ao cinema, uma verdadeira segunda via opcional, familiarmente muito maus económica. O DVD veio para acrescentar qualidade onde pouca havia. O DVD fez o mesmo que o VHS, excepto não se ter massificado como equipamento de gravação caseira.
ResponderEliminarOlhando para a actualidade, o DVD deu mais que o VHS (desde o aluguer em melhores condicloes e sem rebobinar, deu finalmente o formato wide igual ao cinema, perante um VHS quadrado; acrescentou extras e documentários, que nunca se os teve antes e muito mais. O problema é que o DVD é digital e é passível de ser copiado de forma exacta, tendo sido o suporte uma melhor oportunidade para melhor e maior pirataria, colocando em causa definitivamente o valor de se ter um original. Algo que o VHS nunca colocou (gravar da tv ou entre dois vídeos nunca atingia a mesma qualidade do original).
Actualmente a evolução tecnológica já é tão grande que a antiga realidade se encontra reproduzida nas operadoras (ZON, Meo, etc), onde além do aluguer por VOD também a gravação digital (box com DVR) permite finalmente ter os mesmos hábitos de quem viveu o VHS mas até em melhores condições.
É tudo uma questão de perspectiva...
Interessante artigo, pertinente mas poderias ter ido, desta vez muito mais longe com este assunto, que tem imenso sumo para espremer. Mas é admirável ver colocar os dedo na ferida... e isso tens feito e muito bem. Continua, continua!
Isso é mesmo verdade, eu também tenho imensos DVDs que ainda n vi. Já dos VHS não posso dizer o mesmo já que vi-os todos e varias vezes!!!
ResponderEliminarOs tempos são outros, agora há mais fartura e sobretudo mais informação!
Mas a verdade é que não troco esta era digital em que vivemos pelos tempos mais nostálgicos da ida ao videoclube. :)
Realmente, é um charme que se perdeu.
ResponderEliminarCum carago Mandim, até parece que és velha! Chamar VHS às cassetes VHS não é uma questão de moda. Sempre foram assim chamadas pelo simples facto de existirem montes de tipos de cassetes diferentes: cassetes audio, cassetes VHS, cassetes Beta, cassetes 8mm, Cassetes MiniDV, aquelas pequenas usadas para relatórios and so on.
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