Debate: homenagem ou plágio?
Andava pela blogosfera, e deparei-me no blogue CinemaNotebook com este fabuloso vídeo. Perante a temática, lembrei-me de levantar aqui uma problemática: Consideram 'o cinema' de Quenti Tarantino referência ou plágio? Uma homenagem ou uma forma de se servir da genialidade de outros realizadores menos conhecidos no ocidente, por vezes? E quem diz Tarantino, diz outros realizadores que tomam por seus, traços, planos, técnicas e nos brindam com eles nos seus filmes.
Espero que ao verem este vídeo, consigam reflectir sobre este assunto. A minha opinião será dada também, no debate que espero que se crie com este post.
Acho que o nome do video diz muito: "tudo é um remix"...
ResponderEliminarAlguns realizadores são apenas copiões, outros conseguem homenagear e às vezes melhorar o original...
o mesmo se pode aplicar a quase todas as actividades humanas :-)
E relativamente a Tarantino, o que achas? Como podes ver no vídeo há planos, actings basicamente iguais...
ResponderEliminarEste vídeo têm uma excelente edição, feito por alguém que conhece e já viu muitos filmes. É difícil de fazer, mas pode ser feito e refeito centenas de vezes!!! Com outras cenas, outros filmes, outros intervenientes.
ResponderEliminarQuanto a pergunta, Taratino gosta imenso do cinema asiático e quem gosta homenageia.
O Tarantino é um super-copião :-) mas é preciso talento para unir tantas referências e "homenagens" e fazer um filme e não uma colagem de clips. Não conheço tudo o que ele agarrou e reciclou mas alguns parecem-me superiores ao original.
ResponderEliminarAinda há palavra Plágio, acho que é uma expressão bastante fuleira!!!
ResponderEliminarE a maioria das vezes aqueles que optam por definir o trabalho deste ou daquele dessa maneira... Poucos são os que criaram realmente alguma coisa :(
É óbvio que é homenagem, pura e dura... Tanto mesmo que é super-assumido por ele. Faz sempre questão de referir a "fonte" :)
ResponderEliminarBrainmixer:Óptimo. Era aí que queria chegar. Como disse, ia dando a minha opinião ao longo do debate...Eu concordo plenamente contigo. Aliás, se tomarmos por base o remake que ele faz do Inglorious Basterds, percebemos que ele tem imenso trabalho a adaptar a obra original e dar a conhecer que mesmo diferindo imenso é um remake...além de que ele criou para cada personagem um 'psicológico', uma história. Daí ter demorado tantos anos a preparar o filme.
ResponderEliminarÉ certo que muitos pensam que ele usufrui da originalidade dos outros realizadores, mas também não concordo, acho que se inspira, que refaz e dá o seu toque em cada coisa que faz. E, claro, divulga sempre as suas 'fontes', o material que o fez criar obras tão belas.
O cinema de Tarantino é "pastiche".
ResponderEliminarCinema pastiche é para mim fazer algo novo, servindo-se de momentos cinéfilos já existentes.
Pode ser musica, imagem, dialogos, partes de argumento, a forma de filmar, etc. Quentin Tarantino tem se dedicado a regurgitar a memória cinéfila que possui, reorganizando-as de forma a com elas as adaptar à sua criação, que são sempre novas sim mas plenas de pastiche.
Na musica existem projectos musicais pastiche, recordo-me imediatamente dos "Avalanches" que fizeram todo um álbum apenas com a arte de corte-e-cola e sem tocar uma nota. Tudo samples, incluindo as vozes e frases ouvidas... Um outro caso é são os Koop, que fazem um neo-jazz somente á base de samples ao qual sobrepoem as vozes dos seus vocalistas...
Exemplos na música mas e porque não no cinema?
Tarantino faz isso mas não é de maneira gratuita ou sem nexo. Ele consegue vergar o que evoca para os seus filmes, em função de uma atitude contemporânea. No fundo, ele entrega a uma geração todo um legado que ficou já para trás, mas que sobrevive e é potenciado pela sua batuta e visão. E aqui chego ao ponto fulcral desta situação: é plágio sim e descarado... mas feito em jeito respeitoso e em última análise em dedicada homenagem à origem. É como se nos seus filmes houvesse um desfile de cameos subliminares.
Nada disto pode ser levianamente considerado a Quentin Tarantino como um menor realizador, vazio de ideias de realização ou direcção. Bem pelo contrário... ele além de ser um grande realizador (basta estar atento a como conduz e flutuam as cenas dos filmes), os conceitos técnicos a operar a camera (as encenações perante os dialogos - que saem valorizados) e muitos mais... e este sacana de realizador ainda consegue enfiar todo os pastiches que lhe passam na cabeça.
É grande e deixem-no trabalhar!!!
ArmPaulo: Não conhecia o termo... Estive a ler sobre o mesmo agora.Interessante. Bastante mesmo. E subscrevo: Deixem-no trabalhar!
ResponderEliminarOs pastiches que Quentin Tarantino insere nas suas obras, fazem até dele um cineasta "pós-modernista".
ResponderEliminarDigamos que é arte moderna, baseada muitas vezes na identidade cultural (Kill Bill e Inglourious Basterds), estética (Jackie Brown) e uma reflexão da sociedade global (Pulp Fiction).
(Os exemplos com os filmes são meramente sugestivos, qualquer filme dele justifica essas caracteristicas).
Uma das observações que acho já ter feito acontece no Chapter One do "Inglourious Basterds", ele fabrica enquadramentos de grande largura (mal começa, numa só imagemtemos toda a paisagem e a casa a um lado da imagem) que me remetem à pintura. Quando a Shoshana foge nos instantes finais, há uma cena do campo e se a vê de frente, onde a própria inclinação da imagem, fotografia e a encenação, sugerem-me quadros/pinturas que já terei visto... mas não identifico.
O pastiche dele vai muito longe, de tal forma que o seu pós-modernismo se reflete em várias áreas em simultâneo (musica -da clássica ao pop-, cinema, pintura, fotografia, linguas diversas, etc e tudo junto (E sim tudo isso até está pem pleno nos tais 20 min do Chapter One... ó que chato que sou!)
Obs: sim foi importante essa observação do Brain Mixer, pois ele sim dá sempre aperceber as suas fontes influenciadoras das suas obras.
Não sou nenhum académico ou formado nestes assuntos, mas isto é o que sei e fui aprendendo. Posso estar errado... mas o que Tarantino faz é um cinema pastiche (em depuração pós-modernista de alguma história do cinema). E cada vez ele está mais focado e com imensa precisão como o faz.
Não me parece que sejam plágios. Em cada filme Tarantino consegue pegar em algo enterrado no passado e conta-lo de novo à sua maneira.
ResponderEliminarNo Jackie Brown ele pegou num género perdido no tempo, como era o Blaxploitation, no Inglorious Basterds a homenagem foi ao Macaroni combat, que tenho a certeza que muitos nem sequer ouviram falar.
Agora vem aí o spaghetti Western, vamos lá ver o que vem dalí.
Homenagem.
ResponderEliminarBad artists copy. Great artists steal.
Acho que nem se devia falar em plágio uma vez que o próprio Tarantino afirma que estas "cópias" de filmes que ele idolatrava são propositadas.
ResponderEliminarVamos lá a ver: o plágio é quando se faz exactamente igual a algo já existente.
ResponderEliminarO video aqui colocado, apresenta os factos, podemos assistir as colagens exactas que Tarantino foi beber "inspiração". É homenagem? Sim! Ele cita e eleva essa obras mas...
É bonito disfarçar com o termo "homenagem" mas este é um caso de cinema. Na literatura se o mesmo acontecesse já não se diria o mesmo.
Ao as fazer tão iguais, será que por ele ser o Quentin Tarantino, não se pode considerar ser isto plágio verdadeiro e descarado? Porque não?
Por exemplo: o Brian De Palma é um seguidor da obra de Hitchcock. De Palma fez vários filmes onde se nota a influência do grande mestre mas não me recordo de ver as cenas em puro decalque absoluto.
De Palma fez igualmente homenagem ao seu maior inspirador, mas usando as mesmas técnicas de realização e argumentos influenciados, mas não a cópia exacta. No fundo, ele distancia-se do termo plágio e aí sim penso em homenagem verdadeira a Hitchcock.
Não sei o que acham mas seria interessante perceber. O que distancia estes dois casos por exemplo, do De Palma e do Tarantino?