Crítica a "Super 8": O 8 que podia ser um 10!
(clique no vídeo da soundtrack, para ouvir enquanto lê a crítica)
Quanto maior são as expectativas, mais alto é o tombo; é o que se costuma dizer. Por isso, quando fui ontem ver o filme “Super 8” não enchi a minha bagagem com grandes esperanças, esperanças essas de um filme elementar, fantasioso, genial ou que ficasse para a história como outros produtos, onde a mão de Spielberg existiu. Quando falo de outros produtos, falo de ET, obviamente. Seria hipócrita se não fizesse a comparação entre as duas obras, que tanto têm em comum e se assemelham, mas que também em muito se distanciam. Vejamos: crianças, um rapaz que se destaca, uma bicicleta, episódios estranhos na cidade, e, claro, um ET que quer voltar para o seu planeta. No entanto, “Super 8” não lhe chega aos calcanhares. É um filme já cansado. E com isto quero dizer que nada vem a acrescentar ao que conhecemos dentro do género sci-fi. Apenas repete a receita já conhecida dos anos 80. Não há um clímax assim que nos deixe aterrados na cadeira da sala do cinema; não há uma revelação que nos emocione; não há uma criatura adorável que tautareia coisas para voltar para casa e que nada de mal faz aos humanos. Há apenas uma mescla simplificada disso. Todavia não estou a dizer que é um filme intragável ou completamente desanimador. Como disse, não levei a bagagem… E como tal a obra de J.J. Abrams conseguiu o feito de me entreter durante quase duas horas. Conseguiu também me fazer relembrar os tempos em que fazer filmes era apenas um sonho, em que só a tentativa de o tentar era um prazer. Como o conseguiu? Foi através do grupo de crianças que tentam fazer uma curta-metragem, que de um modo enternecedor levam tão a sério essa missão que chegam a dar uma lição aos grandes cineastas actuais que apenas pensam no lucro… Para quem gosta verdadeiramente de cinema e já tentou fazer algo amador, percebe por inteiro do que falo. A ideia da atmosfera de final dos anos 70 também tem a sua graça, os walkman's, as consolas portáteis onde jogávamos tetris, as películas que ainda se tinham de revelar, entre outras coisas. A câmara usada parece bem mais recente do que o ano que pretendem representar, as roupas, os cortes de cabelo, entre outras coisas, falham.
Os efeitos especiais usados nas explosões (quem viu o filme sabe do que falo) são verdadeiramente brutais, disso não discordo, até quase hiperbólicos, o que é uma mais-valia a meu ver. Assim como algumas deixas que entre a ironia e sátira estão bem conseguidas, mas, por vezes, perdem-se em falas clichés dos filmes do género. Outros prós do filme passam pelo cast. É interessante a reunião de personagens e os actores, embora não haja nenhum momento de puro fascínio detectado pela minha pessoa, porém Elle Fanning tem jeito. A rapariga sabe mesmo como representar para uma tela grande. “Somewhere” (como protagonista) foi o principio e certamente que “Super 8” não será o fim. O resto dos actores juvenis também não desapontam. Ainda no que toca ao cast, acho curiosa a escolha de Ron Eldard para o elenco, pois não o via desde “Sleepers”. O final também não é nada de estupendo. Parece um tributo ao ET, mas reduzam umas mil vezes o nível de emoção e de comovedor. A figura alienígena também é uma amálgama estranha entre uma aranha e um Predator, com a cara da personagem do “Pan’s Labyrinth”, que acaba por não conseguir estreitar aquela ligação de pena - carinho com o público, que ET conseguiu na perfeição.
Resumindo, “Super 8” consegue entreter, tem alguns pontos positivos e vistosos ao longo dos seus 112 minutos, contudo não passa disso mesmo. De uma homenagem ao rei da Sci-fi, mas que fica muito aquém do que poderia ser. Muito aquém do que o trailer promete. E muito aquém do que o coração dos fãs do género esperavam ver, pela mão do grande aficionado na matéria, no grande ecrã.
Eu não acho que seja dos filmes do ano, mas em comparação com os blockbusters que se fazem hoje em dia, é uma obra prima.
ResponderEliminarÉ um filme que me levou de volta à infância, me fez sonhar como algum outro filme não o fazia ao tempo.
Filmaço :)
Concordo com a crítica, pois foi mais ou menos assim que saí da sala. O filme até não é mau, mas podia claramente ir mais longe e ser melhor.
ResponderEliminarE concordo com o MOTM, pois apesar de não ser um grande filme, é bem melhor do que a maioria dos blockbusters que por aí andam.
Cumprimentos
Quanto mais altas as expectativas maior a queda. Eu queria ver o novo Goonies e vi uma imitação de ET com um desfecho à King Kong...
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