Tela Clássica: A quadrilha Selvagem

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Finais da década de 60. O western era um género que estava marcado para morrer, e os poucos resistentes vinham da Europa e eram chamados “western-spaghetti”. O ano de 1969 ainda viu nascer dois dos maiores marcos dentro deste género. Dois westerns que fugiam bastante aos padrões habituais dos filmes dos anos anteriores. Em primeiro lugar porque colocavam como heróis aqueles que pela lógica seriam os vilões do filme. Enquanto que “Butch Cassidy and Sundance Kid” era quase uma comédia nostálgica, ou um filme de aventuras, “The Wild Bunch” era um dos filmes mais violentos que tinha saído da América, nos últimos anos.

A violência pode ser apresentada de muitas formas, no mundo do cinema. Quando “The Wild Bunch” foi lançado pela primeira vez, causou um enorme celeuma por causa da sua violência intransigente. As mortes neste filme não são, nem estéreis nem heróicas. Quando uma arma é disparada, o resultado é inevitavelmente sangrento. De certa forma, especialmente na sua determinação em não glorificar o derramamento de sangue, “The Wild Bunch” partilha o objectivo com “Unforgiven” de Clint Eastwood - só que foi feito 23 anos antes.

A acção tem lugar em 1913, na pequena cidade de sul do Texas, chamada San Rafael. “The Wild Bunch” - um bando de seis assaltantes - prepara-se para fazer um assalto. O que eles não sabem é que é tudo não passa de uma armadilha - os sacos de dinheiro são falsos e existem dezenas de caçadores de recompensas de arma em punho escondidos para emboscada. O assalto torna-se sangrento e numerosos cidadãos inocentes são apanhados no fogo cruzado. O bando foge com os caçadores de recompensas no seu encalço.É possível ver “The Wild Bunch” como um filme de pura acção, ainda que altamente estilizado - o uso de múltiplos ângulos e cortes rápidos por Sam Peckinpah é incrível. Todos os elementos tradicionais dos filmes do realizador estão presentes: tiroteios, caçadores de recompensas, e uma alta contagem de corpos. O método de Peckinpah de orquestrar a tensão é bastante eficaz.”

The Wild Bunch” tem um elevado nível de complexidade, que vai para lá da metáfora óbvia do Vietname, que era o assunto do dia na sociedade americana, e é estruturado de forma a satisfazer os mais exigentes telespectadores. Peckinpah mostra-nos também o avanço da tecnologia moderna sobre o velho oeste. Os carros começam a substituir os cavalos, aparecem as primeiras pistolas semi-automáticas, assim como aparece uma metralhadora entre as armas roubadas ao exército.

Peckinpah sempre foi um compreendido, e está entre os meus 10 realizadores preferidos. “The Wild Bunch” foi a sua obra prima.


Pelo convidado: Francisco Rocha.

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May the force be with you!