CRÍTICA: «The Theory of Everything»

10:03:00 Unknown 0 Comments


«The Theory of Everything» não é um filme sobre amor, é um filme sobre resiliência e esperança. Em que o inimigo é o tempo. Aquele que nos faz mudar: seja devido a uma doença crónica degenerativa (como o Hawking) ou ao desgaste emocional (como Jane).

Percebemos que a vida real é tudo menos uma história de encantar com final feliz. Evidenciamos que o inevitável vai acontecer, cena a cena, assistimos ao deflagrar de uma relação que poderia dar certo em outro contexto. Devastador, mas brilhante. As juras de amor não passam de ilusões que mais cedo ou mais tarde reflectem aquilo que somos, voltam a nós e nos fazem pensar no que realmente queremos, conseguimos aguentar e nos fará feliz a longo prazo. É isso que acontece em «The Theory of Everything». Portanto, se estão à espera de ver um filme romântico ou um ligeiro drama romântico que no fim de contas vai encarreirar e brindar o público com um "happy ending" então é melhor darem meia volta e irem ver uma das outras mil comédias românticas em sala. Em «The Theory of Everything» espera-vos uma estória biográfica, emocionante e sem clemência, mostrando as coisas tal como são.

Stephen Hawking é um jovem génio que foi passando despercebido até chegar à universidade, revelando-se apenas quando tem que apresentar o seu tema de tese (uma teoria de tudo). Na mesma altura, tal como aconteceu na vida real, Hawking conhece Jane Wild, uma jovem encantadora que consegue acompanhar o seu raciocínio e pela qual acaba-se por apaixonar. No entanto, pouco depois é diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma rara doença galopante e sem misericórdia que mudará o percurso de toda a sua vida e também deste amor.


A narrativa apresenta um Hawking (interpretado por Eddie Redmayne) perspicaz, mordaz e divertido, que sorri às agruras da vida e pensa nos outros antes de si: tanto quando sabe da doença e tenta afastar quem pode fazer sofrer ou quando percebe que se passaram tantos anos que está a destruir aquela que era o amor da sua vida, e por isso decide, preconizando a velha ideia de "quem ama, deixa ir e liberta", abrir mão dela e embarcando noutra aventura. Contudo, é preciso ainda reconhecer o esforço feito por Jane, incorporado por Felicity Jones, que tenta permanecer fiel aos seus sentimentos primordiais mas que se vê derrotada ao fim de muitos anos de batalhas perdidas, acabando por aceitar o bilhete de liberdade dado pelo marido. Sobre a atriz, é interessante ver uma certa evolução a nível performático que em «Like Crazy» não existia, embora ironicamente ambos os filmes tenham um ponto em comum: o não fim encantado. Sobre o ator que dá corpo a Hawking, é admirável a sua semelhança com a personalidade a que dá vida, principalmente ao longo da transformação sofrida com a doença; foi uma aposta em cheio, que merece o Oscar, sem dúvida!

É admirável o desenvolvimento difícil da história de Hawking, que é focado na sua relação com Jane, mas que podia ser em qualquer outro aspeto da sua vida porque é ele a estrela. É ele que tem a esperança necessária para viver mais do que os dois anos que lhe são dados de vida, depois de passar a comunicar apenas através de um aparelho electrónico, sendo atualmente o físico e cosmologista mais reconhecido em todo mundo, mais do que pelas suas teorias, pela sua forma de estar e encarar a vida. Mais do que na tela, no mundo real.

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