Crítica: «Safety Not Guaranteed» (2012)
Mas nem tudo é negativo. Aubrey Plaza - à semelhança do seu papel em «Parks and Recreation» - agarra a personagem com unhas e dentes, divertindo-nos e hipnotizando-nos com os seus grandes olhos, esquisitos, mas peculiares. A sua performance é realmente o ponto alto do filme. O restante elenco não é mau. Todavia não têm o mesmo ritmo nem deixa uma grande marca na memória do espectador. Assim como as restantes narrativas envolventes, que não se cruzam, das várias personagens; falo do romance platónico entre Jeff (Jake Johnson) e Liz (Jenica Bergere) que tem um desenvolvimento sem sal e artificial, da questão de perda de virgindade do estudante de Biologia que está a construir currículo com o estágio - o Arnau (Karan Soni) - e, pois, claro, do pseudo-romance previsível intergeracional entre Darius e Kenneth que na verdade não convence e causa um certo incómodo. Tudo isto poderia ser encarado como aspetos pouco importantes se o filme se mantivesse na sua inicial missão: uma comédia descomprometida. Mas passa disso para uma tentativa frustrada de filme emotivo, que joga com as emoções ligadas ao poder de acreditar e vontade de ter uma segunda chance para reescrever o passado com a esperança de ter um futuro mais feliz - esse é o seu erro crasso.
Existem alguns momentos ainda bem conseguidos de diversão ao longo do filme, que nos envolvem em gargalhadas e não nos deixam indiferentes. Podemos dizer que o primeiro ato - até a personagem se envolver diretamente no caso de investigação para a entrevista - foi coeso e satisfatório, mas daí em diante as coisas começam a andar para o torto. Muitas estórias de background não são suficientemente aprofundadas para criar empatia no público ou captar a sua atenção e muito é deixado ao acaso ou esquecido ao longo dos próximos dois atos, culminando num final pouco saciante para quem está do outro da tela à espera de um desfecho que traga respostas e não deixe apenas no ar potenciais interpretações.
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