Crítica: "Drive", um filme bem conduzido

18:27:00 Unknown 0 Comments


Conduzir uma narrativa, que teria tudo a partida para ser um filme de acção, não é tarefa fácil. E acredito que não o tenha sido para Nicolas Winding Refn, que deu um outro destino a "Drive". O realizador arriscou tornar um filme ousado, com todos os predicados para ser um poderoso filme de acção, e que mistura drama e crime, em algo muito mais profundo do que aquilo que o guião à partida poderia suscitar nas mentes dos profissionais mais pragmáticos. Refn elevou "Drive" a uma categoria, não muito fácil, que causa estranheza ao público, mas que não deixa de agradar. Agradou tanto que foi destacado no Festival de Cannes.
A película tem momentos deliciosos e emocionantes. Tem também um jogo de ideias bastante curioso que consegue dar animo, fazendo com a narrativa não esmoreça até chegar ao fim.Tem um protagonista cuja face vemos, mas que, mesmo assim, permanece quase anónimo, pouco sabemos dele, a não ser que é o "Driver" - nome pelo que é chamado; talvez algo propositado, não?
Durante o filme assistimos a uma história que podia ter-se ficado pelo cliché: homem desligado do mundo, com um grande talento, que o usa para fins menos bons; homem conhece mulher; mulher está carente, mãe solteira com marido preso; marido preso é solto; os problemas surgem; homem ajuda e tudo corre mal, sente-se culpado; tenta solucionar, sacrifica-se; Mas que acabou por não o ser, pois com uma receita bem peculiar, que dispensa o travão de emergência, o produto final conseguiu salvar-se.
É um filme que junta um interessante e talentoso cast. São eles: Ryan GoslingCarey Mulligan e Bryan Cranston. Todos eles bastante conhecidos e bem vistos no mundo do cinema e, no caso deste último mais, na televisão. 
Mas não é só no elenco que "Drive" é bem conduzido. As sonoridades que acompanham o filme são sublimes, ajudam o espectador a sentir a atmosfera vivida pelas personagens. E a imagem hipnotiza, com uma fotografia esplendorosa.
É muito difícil explicar o que nos prende ao ecrã. Se as performances excelentes ou o encaixar de camadas dispares, que o realizador tão bem conseguiu juntar. Continuam ali evidentemente a sentir-se e a ver-se, mas isso não é problema, uma vez que funciona tão bem. A escolha de Goslyng é talvez a aposta-chave deste filme. O actor nos últimos dois anos entrou em cinco filmes. Todos eles diferentes, mas com algo comum: representações admiráveis de Ryan Gosling. Pode parecer sobrevalorização, não interessa, o que importa é que o actor tem conseguido cumprir na perfeição o seu papel, algo surpreendente com tantos trabalhos e propostas aceites, que se distanciam por diferente géneros ( como por exemplo, "Crazy,Stupid Love - comédia romântica"; "The Ides of March" - drama; "Blue Valentine" - drama romântico; "All good Things" - drama, mistério e crime;).
Ainda me lembro de ter pensado que "Drive" cairia no lugar-comum de todos os filmes do género, seria talvez a descida de nível na carreira de Gosling. Todavia, felizmente, estava enganada, assim como muitas outras especulações pela blogosfera cinéfila da altura. Não querendo, no entanto, criar falsas expectativas, é um bom filme, vale a pena vê-lo, talvez um dos melhores que vi no último mês. Contudo, não esqueçamos que ganha por surpreender e ser mais do que inicialmente predispunha ser ou achávamos ser. Por isso, acho importante, não cairmos na ideia de sobrevalorização ou subvalorização de algo que embora bastante bom, não é nenhuma obra-prima no longo histórico do cinema, certamente.


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