Crítica:"La Belle Personne", de Christophe Honoré
"La belle personne", de Christophe Honoré ("Ma mère"), conta a história de um amor proibido, que nunca chega a acontecer. É um filme devastador, trágico e, ao mesmo tempo que é dramático, é cruamente real.
O argumento roda em torno de uma rapariga de 16 anos, chamada Junie (Léa Seydoux). Ela muda de escola após a morte da sua mãe e, coincidentemente, fica na mesma que o seu primo. Devido à sua enorme beleza e peculiaridade, a rapariga rapidamente é cobiçada por muitos rapazes da escola. Mas de todos, é a Otto (Grégoire Leprince-Ringuet) que escolhe. Rapidamente começam a namorar, contudo, o que Junie está prestes a perceber é que o amor da sua vida é o seu professor de italiano, Nemours (Louis Garrel). Amor esse que gera um conjunto de acontecimentos, que se tornam bem trágicos...
Esta obra de Honoré, tal como já é de praxe, fala de amor e de desamores. Mostra o lado efémero dos sentimentos e, sobretudo, que é possível fugir àquilo que não estamos preparados para enfrentar, por muito doloroso que seja, é o melhor a fazer. Combater uma dor com outra dor, passa pela solução apresentada por este realizador que também é o responsável pelo argumento. Além de uma visão objectiva e sem eufemismos sobre a vida, o realizador de "Ma mère" brinda-nos com toques meticulosos bem aprazíveis, que se traduzem pela forma como Honoré usa um ambiente cru para subentender o objectivo da história, ou seja de não se tratar de uma história feliz nem hollywoodianamente romântica.
A escolha dos actores é sublime. Louis Garrel é um profissional muito talentoso, que em parceria com Honoré, tem conseguido provar, sem grandes dificuldades, o seu valor. Desde "The Dreamers" que fui seguindo a sua carreira - digo "desde" não no sentido cronológico da sua filmografia, mas, sim, da minha visualização de filmes -, uma vez que este foi o primeiro filme que vi deste actor. E a partir desse momento que o vi na grande tela, não fiquei fascinada com o seu charme ou beleza (algo que já vai acontecendo agora nos filmes de Honoré), mas com a sua performance, principalmente num papel tão controverso como aquele. Quanto a Léa Seydoux, confesso que só tive noção de que já a tinha visto em outros filmes depois de uma pequena pesquisa. Embora seja uma boa actriz, a verdade é que a caracterização (cabelo preto, geralmente é loira ou cabelo claro - como em "Inglourious Basterds", de Tarantino) não facilitou a sua identificação. No entanto, é inegável a química entre a dupla de actores. Mesmo não havendo grandes momentos expressamente sexuais ao longo do filme, Junie e Nemours conseguem expressar ao público a intensidade, o calor e a tentação do que sentem. Sem muitas palavras ou aproximação física, o que torna o filme ainda mais fascinante e bem conseguido.
Magnífico. O Filme me surpreendeu, e me revelou Louis Garrel, o que considerei um talentosíssimo Ator.
ResponderEliminarO que mais me impressiona no filme é o fato de não (utilizando suas palavras), um romance Holywoodiano com final feliz. Eu, mesmo nos meus 15 anos de Idade, ja sinto como é o amor, e vejo que mesmo no começo de minha vida amorosa ele não é fácil, é doloroso, difícil, e cheio de mágoas. E o Filme mostra isso perfeitamente. Chega a me lembrar o filme 500 Days of Summer, porém de um modo mais crú. A Dureza de encontrar seu amor, e superar as dificuldades para estar ao seu lado, e os vários modos como você se sente quando está apaixonado, pode variar do sentimento mais feliz (Tom) ao mais doloroso (Nemours).
Obrigado pela sua crítica, foi muito construtiva na minha visão.
Um abraço, até mais...