Tela Clássica: Fechado no Elevador

21:30:00 Unknown 2 Comments

Desde "The Maltese Falcon", de John Huston, ou "Citizen Kane", de Orson Welles, muitos foram os realizadores que tiveram inícios fulgurantes de carreira, com autênticas obras-primas. Hoje, vou falar de uma das minhas primeiras obras preferidas, que pode não ser tão grande como os filmes que referi atrás, mas que pessoalmente o prefiro, de longe. Trata-se de "Ascenseur pour l'échafaud", de Louis Malle, ou "Fim-de-semana no Ascensor". "Fim-de-semana no Ascensor" nasceu um pouco perdido no tempo, no meio de um período de transição do cinema francês. Por um lado vinha na sequência de uma série de policiais que eram moda nos anos 50, dos quais Jean-Pierre Melville era um dos maiores artífices. Por outro lado foi ligado ao novo movimento que estava a florescer, a nouvelle vague. Na minha opinião este filme é muito mais do que isso. É um “noir” perfeito. Talvez um dos melhores filmes desse género feitos até hoje. Com um orçamento reduzido, Malle prova que isso não é impedimento para fabricar um grande thriller. Com baixo nível de iluminação e focando os personagens-chave, Malle constrói um filme emocionante, mesmo com um mínimo de adereços. O grande componente adicional deste filme é assombrosa banda-sonora de Miles Davis. Para um fã de música jazz, vale a pena vê-lo só por causa desta improvisação impressionante. Outra coisa que torna esta obra particularmente memorável são as performances totalmente convincentes de Jeanne Moreau e Maurice Ronet, ambos estrelas em ascensão no cinema francês. O filme conta-nos a história de Julien Tavernier, que comete o crime perfeito assassinando o marido da amante, porém fica preso no elevador do seu escritório. Entretanto, o seu carro é roubado por um jovem que se hospeda num hotel com a namorada, com o nome de Julien. Durante a estadia no hotel, o jovem mata um casal alemão com uma arma que encontrou no carro de Tavernier, e foge. Entusiastas do suspense não ficarão decepcionados com este filme, que inclui alguns momentos de grande tensão (como as tentativas cada vez mais desesperadas de Julien para sair do elevador depois de ter cometido o que deveria ter sido o crime perfeito).
Longe de ser um policial com heróis bidimensionais e vilões capta a vulnerabilidade dos seus protagonistas, os quais acabam por ser vítimas do seu próprio idealismo e moralidade.




Pelo convidado, Francisco Rocha.

2 comentários:

  1. Francisco, dito assim... parece que foi descoberta uma pérola em bruto!
    Não conheço, pois tenho andado (e mantido) noutras esferas cinéfilas mais recentes mas esta critica/descrição é entusiasmada e inflamadora até.
    Ao ver o trailer também admirei a banda-sonora de Miles Davis (o encorpado contra-baixo é mesmo sedutor).
    Imagino um filme interessante e de qualidade, porque este foi um bom texto e cativante de ler.

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