Remember Fantasporto
Guy Maddin, um louco cinéfilo, brinda-nos com "The Keyhole". Uma mistura do cinema expressionista - surrealista com o fantástico sombrio, que põe à prova a previsibilidade do espectador. Assistimos a uma história que poderia bem ser a de apenas mais um filme de gangsters e que rapidamente se transforma numa atrofiante viagem pelo psicológico da personagem principal. Um "ciclo de morte" cumpre-se e uma história é contada. É esta a premissa de um filme 'fantástico' que é servido numa bandeja pouco comum, que nos desperta um conjunto de sentimentos que passam rapidamente da repulsa à compaixão. Há quem fale de um surrealismo próximo do de David Lynch, há quem ache que extravasa os limites do mesmo, distinguindo-se e isolando-se num lugar nada comum. Junta assim o que há de mais obscuro na mente humana às preocupações mais banais, naquela que é uma adaptação da história de Ulisses em Odisseia. As imagens são o elemento chave da película, que usa o "fantasma" como o signo que delineia toda a trama inerente ao drama vivido pelo protagonista - Ulisses. No entanto, Maddin não tem como preocupação contar a história de forma linear e cronologicamente correcta, centra-se mais na intensidade de cada episódio que no seu conjunto compõem a narrativa. Uma história que dispensa cores para transmitir o efeito "limbo" das personagens e respectivo argumento, usando e abusando de um jogo de sombras e de luzes.
The Keyhole é um filme que hipnotiza o público e o convida a entrar numa viagem que se serve de elementos sexuais e bizarros, que são facilmente transformados em momentos de humor (negro) aos olhos do espectador.
Gostei muito
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