Spider-Man: Adeus Tobey, Bem-vindo Garfield!

18:54:00 Unknown 2 Comments

Com o reboot de Spider-Man, realizado por Marc Webb, ao mesmo tempo que se inicia uma nova saga termina também uma antiga, que viu a luz do dia há já dez anos, assinada por Sam Raimi. Para os fãs da BD do aranhiço e da série animada - tanto dos anos 60 como mais tarde de 90 -, esta nova oportunidade para ver o super-herói no grande ecrã é o culminar de todos os desejos de ver uma adaptação muito mais autentica, do que a anterior, e um actor com um perfil bem mais próximo do desastrado e sarcástico Peter Parker. Esta dupla face da personagem, ora inicialmente totó e depois com um grande progresso a nível de coolness, foi o que matou e enterrou a sete palmos de terra a personagem encarnada por Tobey Maguire.


Vemos um primeiro homem-aranha em 2002. Este conquistou uma aprumada escala de fãs, que na sua maioria deixaram à revelia as preocupações com a similaridade do filme com a BD. Dois anos depois, em 2004, somos confrontados com um Spider-Man 2. Sendo este para alguns considerado o melhor filme da trilogia de Sam Raimi; o que não é o meu caso. Mas o derradeiro momento que levou a criação com a cara de Tobey Maguire a ser considerada fraca e de mau gosto, falo por mim e por grande parte dos apreciadores dos filmes do género, foi o seu terceiro e último produto - Spider-Man 3. Assistimos a uma performance ridícula da personagem e actor, com deixas ainda piores e uma premissa que passa pelo parvo e se afunda cada vez mais até ao fim do filme. Entre danças que apenas nos levam a ter pensamentos duvidosos da sexualidade do super-herói, em vez de nos fazerem temer pelo lado obscuro que domina Peter Parker, assim como a uma personagem mil vezes mais não cool e cada vez mais próxima de um emo, é isto que vemos no terceiro filme de Raimi. E é neste mesmo que temos uma grande vontade de ter levado o Raid para a sala de cinema  a fim de matar aquela personagem para todo o sempre, de modo a afastá-la das nossas memórias mais queridas do Spidey. Que no meu caso começaram com a série animada homónima, enquanto ainda eu estava a matar tempo a ver desenhos animados para fugir aos trabalhos de casa da primária.



Um dos factos que matou a primeira saga do aracnídeo mais famoso da história foi ainda a falta de profundidade das suas personagens e química. Temos personagens a mais num elenco que pouco tem a acrescentar à história: temos uma Mary Jane submissa como uma donzela que espera em coma ser resgatada pelo super herói (sem grande dimensão psicológica), temos um Peter Parker que pouco lhe importa para além de salvar a rapariga e ser um super-herói, sem grandes questões, crises existenciais ou reflexões sobre as suas origens ou situação - tenta ser dramático sem sequer ter os ingredientes que lhe poderiam permitir isso, e temos uma história muito longe da original. É apenas mais um filme de super-heróis.


No entanto, muito contrariamente ao que a maioria pensou ver por se tratar de um reboot, The Amazing Spider-Man consegue superar a anterior trilogia de Sam Raimi. Consegue-o fazer de uma forma brilhante e admirável. Cria uma história totalmente nova, mas apoiando-se na história original dos livros aos quadradinhos. Dá assim aos verdadeiros fãs do Aranha este presente, que se concretiza na perfeição graças ao seu excelente cast - que conta com Andrew Garfield, Emma Stone e Rhys Ifans. Este último, quem não está a reconhecer o nome do actor, pode abrir a caixinha de memória e identificá-lo em Nothing Hill por exemplo, cuja personagem é do menos convencional e formal que podemos imaginar. Mas que em The Amazing Spider-Man consegue assim se camuflar de Dr. Curt Connors e posteriormente de Lizzard. É uma verdadeira transformação.


 Embora ache que o CGI no que toca à composição da personagem de Lizzard ficou um pouco aquém e destoante do restante cenário, todavia é difícil adaptar um ser assim para o live action. De ressalvar é ainda o talento de Garfield e Stone que dão corpo e alma às respectivas personagens de Peter Parker e Gwen Stacy, que é facilitado pela química que partilham. Martin Sheen tamém dá um magnifico tio Ben e Denis Leary (conhecido principalmente pela série Rescue Me) faz na perfeição o papel de agente da lei.

Este reboot de Marc Webb é superior à obra de Raimi por conseguir fazer mais em menos tempo. Isto é, em três filmes o realizador da primeira trilogia defraudou o Aranha. Pioraram as interpretações, argumento e personagens escolhidas para integrar os filmes. Enquanto, já no primeiro, Webber aposta num forte cast, que só tem meios de evoluir, jovem, talentoso e cheio, e isto é um dos elementos mais importantes, de carisma. Peter Parker, para os eternos fãs da personagem, será sempre relembrado como o desastrado, mas sarcástico adolescente que do nada vê a sua vida mudar, mas que percebe que não pode usufruir desses poderes para seu benefício, pois poria em risco todas as pessoas que gosta. E, por isso, um pouco sem inicialmente perceber bem ao que levaria a sua acção, começa a actuar como justiceiro e a combater o mal, sendo que mais tarde percebe que isso pode ser bem mais complicado. Tanto a personagem de Peter como de Gwen são extremamente ricas e com várias dimensões no que toca ao psicológico. Não existem personagens-tipo como no anterior, existem pessoas e uma história bem elaborada e credível num mundo de ficção que ganha vida aos olhos dos seus espectadores. Os efeitos de CGI muito valeram para a composição de todo o cenário da cidade e peripécias do super-herói. A banda-sonora não é extraordinária, porém consegue deixar a imagem fluir e isso é o mais importante. Como sabem, Marc Webb tem um grande cuidado com a imagem, julgando principalmente pelos seus anteriores trabalhos na música e no indie 500 Days of Summer.

Em The Amazing Spider-Man são deixadas muitas pontas soltas, mas que irão certamente ter uma resposta nos próximos dois filmes. Tentaremos perceber quem seria a pessoa que estava a morrer, como a dupla faceta, ou seu alter-ego, de Dr. Connors irá se portar daqui para a frente, como o romance entre as personagens vai desenvolver-se, como Peter lidará com o peso da morte do seu tio e as questões de ordem parental, e, sobretudo, como conseguirá lidar com a sua vida oculta de herói e com a de adolescente.

Depois de tudo isto, é caso para dizer: que venham de lá mais esses dois filmes, que por cá, garanto ir ao cinema ver mais duas aventuras da nostálgica personagem de Spidey.


2 comentários:

  1. Adorei o filme. Sinceramente fiquei bastante surpreendida até! Vou ser honesta, não esperava mesmo muito desta nova adaptação da história do Homem-Aranha, mas ultrapassou completamente as minhas expectativas. Excelente texto como sempre, Andreia!

    Sarah
    http://depoisdocinema.blogspot.pt

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  2. Obrigada, Sarah :).Menos presente na blogosfera, mas no entanto a paixão continua a persistir, já sabes.

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May the force be with you!