Bom 2013!

09:38:00 Unknown 0 Comments

O CINEMA'S CHALLENGE deseja a todos um BOM NOVO ANO NOVO, com muito cinema! Eu cá terei o meu e lembrem-se que nunca é tarde demais para fazer o que está certo. Bom 2013!

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May the force be with you!

Listas de cinema?...prefiro as das zebras.

07:23:00 Unknown 4 Comments

Por todo o lado, como já é de praxe, começamos a ver as "listas dos melhores do ano". É um hábito que fui perdendo ao longo dos anos, desde o nascimento deste espaço, que é o Cinema's Challenge. A razão para tal deve-se ao facto de achar essa enumeração demasiado relativa e pouco precisa, principalmente por em Portugal os grandes filmes, aqueles que provavelmente acharei os "melhores" chegarem sempre às nossas salas no ano seguinte ou no fim do respectivo ano a que pertencem. Este ano o processo repete-se. Ou pelo menos quero acreditar que sim. Temos grandes filmes, que parecem promissores, como Django Unchained e The Master, que só nos chegarão lá para Janeiro/Fevereiro. Temos outros como Amour (que ainda não tive a oportunidade de ver) que apenas está a ser exibido numa sala, em determinados dias, pelo menos aqui para os lados do norte; ridículo, portanto um filme de Haneke confinado a um espaço só. Mas no meio de todos, temos os sobrevalorizados, aqueles cuja projecção dantesca, hype, ou lá o que queiram chamar, bateu o limite do tecto e foi directamente em direcção ao espaço, ultrapassando todas as galáxias de encontro ao inócuo, vácuo, vazio. Ou seja, filmes cuja densidade é tão grande como uma música da Britney, mas que no meio de todo o espectáculo, ora visual, ora promocional, são dados numa bandeja ao grande público como se tratassem de verdadeiras refeições groumet. Um exemplo maravilhoso disso é Prometheus, devo/quero arriscar que foi o maior engodo de sci-fi dos últimos anos, mas foi recebido de braços abertos por aqueles que acreditam que na sci-fi vale tudo, só porque é ficção e esta não tem de ser lógica, só pelo 3D, só pelos fogos de artifício e lista imensa de nomes nos efeitos especiais. Aqueles que um dia se esqueceram que Ridley Scott foi o realizador de filmes como Alien e Blade Runner, aqueles que olham para os plot holes como resultado da redução ("injusta", dizem) do filme de 5h para umas 3h. Ups. Sem apontar dedos, porque todos temos as nossas paixões incompreendidas  existem realmente estes casos, cada vez mais gritantes, realmente dizem que o amor nos deixa cegos. Lá está, este é um bom exemplo, mesmo que no cinema e não na vida real.

Não me querendo alongar, nas lamurias  mas já o fazendo, tenho saudades de ver grandes actrizes/actores que preenchiam o grande ecrã, como ainda víamos acontecer na década de 60. A classe, as mensagens não cliché, a originalidade, pouco fazem parte de Hollywood actualmente. Vemos prequelas, sequelas, remakes, "filmes baseados em", vemos de tudo, mas não vemos "o novo": originalidade, criação, reinvenção. Vemos o 3D no seu auge, algo que há uns 20 anos ou mais atrás já existia, mas que não pegou. Pega agora com a sociedade do espectáculo, da imagem, da aparência. Talvez seja uma metáfora que demonstra aquilo em que nos tornamos, uma sociedade com a memória curta, espectadores que aplaudem o produto com mais pompa ou onde mais dinheiro se gastou; público que se engana. 

Antes dizia-se que o cinema inspirava as pessoas, agora, talvez, sejam as pessoas que precisam de começar a inspirar o cinema.

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May the force be with you!

O CINEMA'S CHALLENGE DESEJA BOM NATAL!

11:18:00 Unknown 0 Comments


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May the force be with you!

Crítica a "Killing Them Softly": personagens,deixas e câmara arrojadas

16:42:00 Unknown 1 Comments

O novo filme de Andrew Dominik, Killing Them Softly, tem um duplo significado, impregnado em cada detalhe da sua história. É assim o resultado da mistura de uma história fictícia, adaptada do livro de George V. Higgins (1985) – que envolve roubos, criminosos locais e jogos de cartas – e de uma crítica renitente à sociedade e política, tanto americana como mundial.

Visualmente deslumbrante, principalmente tendo em conta o género, esta é apenas a terceira película realizada e escrita por Dominik. No entanto, mesmo não deixando, depois de visualizada, a sensação de satisfação total, Killing Them Softly nunca nos deixa de barriga vazia. A refeição é completa: serve-nos uma sobremesa com uma bela apresentação de duas personagens fulcrais, mesmo que sejam remetidas a segundo plano mal a personagem de Brad Pitt entra em cena; banqueteia-nos ainda com um prato principal, a aparição de Jackie Cogan (Brad Pitt), que preenche bem o ecrã, sendo tudo menos uni-dimensional pois existe nele uma simbiose de valores e anarquia difíceis de descrever; por fim, a sobremesa, que é-nos posta na mesa de uma forma dura, porém concisa e bem elaborada, ao nos ser revelada explicitamente a intenção de criticar a sociedade e política – em particular a americana.

A direcção é muito bem confeccionada. Depois de visualizado, há poucas dúvidas de que não seja quase perfeita para o que se pretende com o filme. Tal como os movimentos de câmara, as deixas são também arrojadas. É de ressalvar também o excelente argumento. Mordaz. Desafiante. Inesperado. Inteligente. Frontal. São muitos os adjectivos possíveis para caracterizar este excelente texto, que não nos cansa, mas alicia. Texto esse e performances acompanhadas de excertos de discursos políticos, enquadrados naquilo que se revelaria a era pós- Bush. Toda a construção, quase meticulosa, de peripécias das personagens, metaforizando os excertos, tem um efeito admirável. Nunca nos dando a sensação de documentário ou de filme político, mas, sim, de algo mais, culminando num thriller de crime dramático e, por vezes, quase cómico, ou tragicómico, devido ao humor negro constantemente usado.
O próprio título remete-nos a uma mensagem implícita: Killing Them Softly serve de alusão à narrativa e ao que se passa pelo mundo. Todos nós, aos poucos, estamos a ser mortos. Seja por a nossa fé, crenças e voto serem desprezados ou ultrajados, ou, quase provocadoramente, o título insinuar que com a película, as críticas tecidas são uma forma de dar um tiro de lucidez na sociedade.

Seria quase indecente fazer uma analogia, mas se essa fosse possível seria a um produto dos Cohen (personagens e atmosfera), traçado de um toque de Tarantino (no argumento, com diálogos longos e ricos) com algo de fincheriano lá no meio (realização). Talvez sejam as caras conhecidas ou a índole reveladora e céptica quanto às intenções de algo mudar, como um país, quando as próprias pessoas não o fazem, mas o filme deixa-nos uma marca e angustia que nos obriga a ditar o veredicto: gostamos ou não?
Porém não é isto que ele nos pede no seu final, ele pede-nos apenas que todos pensem, reflictam, sintam o que realmente é verdadeiro, o que acontece à nossa volta e é real. Pois, desde sempre foram vendidas ao homem muitas ideias; é fácil falar, é fácil prometer, é fácil julgar, mas não é fácil cumprir: “ My friend, Thomas Jefferson is an American saint. Because he wrote the words all men are created equal, words he clearly didn’t believe since he allowed his now children to live in slavery. He’s a rich wine snob who’s sick of paying taxes to the brits. So, yeah, he writes some lovely words and aroused the rabble and they went and died for for those words while he sat back and drank his wine and fucked his slave girl. This guy wants to tell me we’re living in a community? Don’t make me laugh. I’m living in America, and in America you’re on your own. America’s not a country. It’s just a business. Now fuckin’ pay me“. in Killing them Softly, 2012.”

Texto originalmente publicado em Arte-Factos.

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