Crítica: «The Big Short» (2015)

12:41:00 Unknown 0 Comments


«The Big Short» é um filme pequeno em diversos aspectos, mas com potencial para bem mais. Apesar da interessante informação, que desmistifica de uma certa forma como funciona a Wall Street/Economia que deu lugar ao crash em inícios de 2000, perde-se entre uma abordagem de mockumentary, com diversos movimentos de câmara, que misturam documentário e ficção numa história baseada em factos reais  mas com um tom de sátira, jucoso. O humor, esse, é também recorrente durante toda a película, mas poucas vezes eficaz, talvez por os vários intervenientes terem uma unidimensionalidade enfadonha, complicando o interesse pelo filme quando somos bombardeados com termos técnicos de 5 em 5 segundos. Menos eficaz ainda é a caracterização, fraca, perucas descaradas com um visual meio forçado para um filme de grande orçamento, que não justifica a utilização desse tipo de adereços... 

O melhor é mesmo alguns momentos da montagem que com alguma comicidade opõe ou ladeiam as pessoas entretidas com tudo o que é "estúpido", enquanto vemos alguns dos protagonistas preocupados em saber o que realmente se passa com a economia/bancos/ações. Outros plus é a interpretação de Christian Bale, mais uma vez extremamente física, e os cameo's de várias celebridades enquanto explicam termos técnicos que aos comuns mortais (entenda-se fora dessa área específica da Economia/Finanças) nada dizem antes de ver o filme. Contudo, o excesso de informação, o malabarismo com a câmara e a terrível performance de alguns atores - devo destacar o caso do Steve Carrell que muitos apontaram como formidável (até digna de um Oscar) e a meu ver foi das piores interpretações com um forçado melodramatismo que crispou demasiado com o tom pouco sério da trama, onde percebemos que o ator está pouco à vontade; alguns comentários pela web falavam de um papel cómico (???!!!), perdoem-me mas não consigo perceber onde nem como há algo de hilariante ali, penso que deviam rever alguns dos seus filmes como «Dan in Real Life», por exemplo. Para além disto, alguns aspectos passam ao lado numa primeira visualização devido ao ritmo frenético, que poderia funciona com uma história de base mais "humana" e envolvente. Os inputs do trailer levantaram o véu a grande parte da narrativa, mas deixaram a sensação de um possível cruzar de histórias, esse que de algum modo, caso existisse, teria sido realizado pela personagem do Ryan Gosling, quase de forma ominipresente. No entanto, não é isso que se verifica. Temos um Bale isolado, mas que não desilude mesmo aparecendo pouco em ecrã. Um Brad Pitt metido à força sem motivo válido, com dois jovens que querem entrar na bolsa - de salientar que parecem atores saídos de uma comédia juvenil de parca qualidade. E um Ryan um pouco deslocado com um papel cliché e pouco desafiador, próximo do que fez em «Crazy Stupid Love» mas de uma forma má.

Falta a "cola" entre toda a história, que mesmo com uma base real, tem, para o público, de ser consistente e atrativa, caso contrário mais vale mesmo fazer-se um documentário. «The Big Short» falha nisso servindo-se mais da fama dos atores presentes do que do seu talento.

Em suma, vale a pena ver o filme, pelo deslindar daquilo que se passou e potencialmente se virá a passar nas próximas décadas com outro crash, em que na verdade é sempre o povo que paga, com mais um resgate para sustentar os bancos fraudulentos e endinheirados, sendo que os mais poderosos saem impunes e apenas um bode expiatório arca com tudo na prisão - é a realidade nos EUA, em Portugal e Mundial, infelizmente. Saímos da sala com a vontade de tirar o nosso dinheiro dos bancos e começar a esconder debaixo do colchão, o que por um lado pode parecer negativo mas por outro ser sinónimo de que a mensagem do filme funcionou.

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