Crítica: «Steve Jobs» (2015) de Danny Boyle
Há uns dias vi um documentário sobre o génio que revolucionou o computador e o tornou naquilo que hoje chamamos de Mac, nele era apresentado um criativo diferente, menos humano, mais destrutivo e frio, que viveu com o objetivo de ser "Deus". "Think Different" é uma interessante forma de abordar o mundo visto por Steve Jobs, odiado no meio laboral pelos seus colegas devido ao seu temperamento e por vezes falta de ética para conseguir alcançar os seus objetivos, Jobs foi sem sombra de dúvida um génio, no que diz respeito a ver as coisas de uma perspectiva diferente, igualando a tecnologia à arte, tornando o computador numa extensão do ser humano mais vaidoso.
No entanto, o que o documentário mostrou foi um pouco diferente do que o filme fez. Na obra realizada por Danny Boyle vemos uma evolução ou derreter do homem de aço que Jobs passava para o exterior ser. Vemos alguém com as suas fraquezas, embora bem escondidas, com traumas, ressentimentos e vontade de ser amado por todos.Talvez não seja essa a verdadeira persona de Jobs, pelo menos na vida real, mas isso não invalida que a construção da história tenha resultado numa bela epopeia sobre como a falta de aprovação pode ser um factor crítico para determinar as nossas ações futuras, envolvendo-nos num mundo distorcido por fantasmas e inseguranças que é facilmente combatido ou camuflado pelo receio dos outros, aqueles que afastamos ou tratamos mal sob medo de virem-se a tornar uma fraqueza, a nos magoar. E neste filme conseguimos perceber ou pelo menos imaginar esse lado humano que Jobs poderia ter tido, se é que não o teve, mas isso apenas saberemos por relatos de terceiros...Tirano, com métodos muito próprios de trabalho, foi o visionário que conseguiu ser despedido e depois recontratado para salvar a mesma empresa. Vingança ou não, Steve ganhou e é isso que vemos no filme, mesmo que tenha acontecido nos últimos anos da sua vida, quando conseguiu finalmente olhar para além dos traumas e ressentimentos, procurando aquilo que realmente importava e tinha na sua vida, que sempre o acompanhou embora o renega-se: a sua filha e os seus amigos que sofreram para o acompanhar ou fazer ver como poderia ser destrutivo. Michael Fassbender e Kate Winslet saem-se bastante bem num filme que se torna mais intenso nos últimos minutos, embora seja interessante ao longo de toda a sua história apresentando-nos a obsessão de um homem pela perfeição imperfeita e criatividade, pela tecnologia, mesmo que não fosse um génio técnico, era um génio visionário que merecia o ódio, inveja e admiração de muitos. Seth Rogen também faz um papel competente, contracenado mesmo que menos tempo ao lado da dupla esmagadora em talento que é Winslet-Fassbender.
Em alguns momentos esqueci-me que o protagonista era o ator e vi Jobs, o que é interessante porque a caracterização facial não é semelhante, mas a mestria em ser próximo daquilo que o CEO da Apple foi em atitude e personalidade fez com que o revisse.
Embora o filme possa não surpreender tanto por nos últimos anos terem saído diversos conteúdos sobre Jobs, incluindo também um filme homónimo, este é uma interessante películas que merece ser visualizada, bem mais do que os mais destacados na corrida aos Oscares, a meu ver.
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