Crítica - «Avengers: Age of Ultron»
Ao contrário da maioria das opiniões que tenho visto pela web, ontem vi um dos filmes, dentro do seu género, que considero merecer estar entre os potenciais melhores do ano na liderança da box office. Sim, falo do Avengers - Age of Ultron.
Tomei o cuidado de rever o primeiro filme uma semana antes, pelo que ainda o tinha muito fresco na memória. Foi uma das melhores decisões que tomei, digo-vos. Para além disso, apanhei pela televisão no último mês os Iron Man mais antigos e o Capitão América. Com as histórias todas presentes, mais o universo dos Guardians of Galaxy, levei uma bagagem bem organizada e preenchida para a sala de cinema. Não levei, com sorte, grandes expectativas, o que acredito que tenha ajudado a gostar do filme.
Aquela emoção que sentimos quando somos putos e olhamos pela primeira vez para o balão no ar que temos atado ao pulso foi a sensação que senti durante os primeiros minutos. A sala estava cheia. Tive a sorte de conseguir os últimos bilhetes. Foi uma experiência incrível, que não me defraudou aquilo que esperava do filme. Valeu cada minuto. O humor talvez mais ativo nos diálogos foi para mim uma evolução, reflexo do companheirismo e à vontade das várias personagens que agora estão mais próximas. A química aumentou também. Temos um romance que não é consumado mas que indaga tensão. Temos um conjunto de dicotomias e problemas que são colocados na mesa. A temática de homem vs máquina ou evolução (como lhe queiram chamar ), é mais uma vez trazida à tona.
A construção de algo à imagem do homem, a inteligência artificial, a analogia com Pinóquio - "I've no strings" - acrescentam valor à sequela. Transformam-na em mais do que um filme de entretenimento, em um debate de ideias sobre a evolução humana, acompanhados por deixas humorísticas com alguma referência implícita aos anteriores filmes ou estória original das personagens nas bandas desenhadas. Para um seguidor do mundo da Marvel, é difícil não apreciar o filme, não sentir que o dever foi cumprido depois dos créditos finais rolarem. Mas acredito que seja ainda mais difícil para aqueles que são fãs e elevaram as expectativas de tal modo que o filme soube a pouco. Contudo, acho que devem pensar no filme como uma ponte entre o primeiro Avengers e o Avengers: Infinity War, onde tudo terá mais sentido e várias personagens ganharão uma densidade ainda maior. Pelo menos é o que a narrativa promete, com a introdução de novas personagens e a menção de outras - mesmo que algumas possam ter passado despercebidas.
Durante as quase três horas ficamos fascinados pelo visual que já nos habituamos nos filmes anteriores, o CGI predomina - embora não seja grande fã - mas não desaponta. São melhorados também alguns aspectos nos fatos dos super-heróis, o que é um ponto positivo, mesmo que algumas ideias sejam retiradas das histórias originais, estas são bem adaptadas aos tempos modernos.
Conhecemos também o outro lado de algumas personagens, é o caso da Black Widow que nos dá uma breve introdução introspectiva. Percebemos também que de tantos heróis, apenas o que não tem poderes rigorosamente nenhuns é o verdadeiro supra-sumo dos heróis em personalidade, destacando-se neste filme em especial, e em preservação da sua vida pessoal para lá do "dever de salvar o mundo". Bem, mas isto talvez já seja informação a mais, que devem apenas saber ao verem o filme.
Finalizo, com a ideia de que Avengers: The Age of Ultron não pode ser visto como um filme isolado, deve ser contextualizado e acompanhado pelo "irmão" e "primos", caso contrário pode ser pouco compreensível para o público genérico que não perceberá muitas das piadas, personalidade das personagens ou mesmo situações. De resto, apenas acrescento que vale muito vê-lo na grande tela e que certamente não ficarão aborrecidos se levarem vontade no bolso e deixarem as expectativas à porta da sala do cinema.
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