"La Cité des Enfants Perdus"

18:31:00 Unknown 0 Comments

"Once upon a time there was an inventor so gifted that he could create life. A truly remarkable man. Since he had no wife or children he decided to create them in his laboratory. He started with wife and fas into the most beautiful princess in the world. Alas, a wicked genetic fairy cast a spell on the inventor so much so that the princess was only knee height or less. He then cloned six children in his own image, faithful, hardworking. They were so alike no one could tell them apart. But fate tricked him again, giving them all sleeping sickness. Craving someone to talk to he grew in a fish-tank a poor migraine-ridden brain. And then at last he created his masterpiece more intelligent then the most intelligent man on Earth. But alas the inventor made a serious mistake. While his creation was intelligent he never ever had a dream. You can't image how quickly he grew old, because he was so unhappy. Then the poor masterpiece became so crazed he believed a single tear drop could save him. And after committing many cruel deeds he died, never knowing what it was to dream."

"La Cité des Enfants Perdus" (1995), de Marc Caro e Jean-Pierre Jeunet

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May the force be with you!

(Re)Post | Crítica:"Les Amants du Pont-neuf"

13:37:00 Unknown 0 Comments

Este (re)poste é dedicado a um amigo que foi hoje para Paris e regressará, com uma lembrança para mim, uma prenda da mais antiga das pontes de Paris: a Pont-neuf.

"Les Amants du Pont-neuf" é um filme que nos deixa divididos entre duas espécies de sentimentos: os negativos e os positivos. 

É daqueles filmes que acredito que não é possível gostar totalmente. Há algo que nos trava na hora de dizer: 'Sim, adorei'. O percurso das personagens e as suas ações pouco amistosas fazem com que surja um sentimento, por vezes, de repulsa, em que rejeitamos alguns dos seus comportamentos e opções. Ao mesmo tempo, há momentos em que nos identificamos com situações ou pensamentos, assim como chegamos a ter pena da sua carência emocional. É um filme difícil de digerir num só travo; é forte e reflexivo. Mistura duas personagens sedentas de vida e no entanto incrivelmente mortas em alguns momentos da história.

Juliette Binoche faz um papel admirável, o que já era de esperar. O restante pouco cast também cumpre os seus propósitos em pleno. Algumas pontas ficam soltas, mas penso que não são relevantes para o desfecho do filme. Mas, tal como o realizador confessou durante a masterclass que deu em seguida, a uma dada altura o filme parece ser apressado. Problemas de produção que estiveram na base do filme, realizado em 1991, anteciparam a sua conclusão. Esses problemas, de ordem económica, provavelmente, deveram-se à necessidade que houve de reconstruir o cenário da ponte após a licença para filmar ter expirado, tendo feito deste filme um dos mais caros filmes franceses da altura.
A fotografia é também completamente apaixonante. A escolha de cenários e os jogos de luzes conseguem reportar-nos a um mundo que tem tanto de fantástico como de subversivo. Nele, a protagonista feminina luta contra o seu passado e o protagonista masculino luta contra o futuro, que os pode separar. A banda sonora é também deliciosa. Dá ritmo à deambulação das personagens pela "Pont-neuf", que de nova nada tem, ironicamente, além da personagem de Binoche que acaba por lá ficar, na sua escuridão tanto psicológica como física.

A técnica de Carax, realizador que, para mim, até há pouco era desconhecido, consegue transportar-nos a uma viajem alucinante, alienante que nos faz emergir numa simbiose de sentimentos. 
Portanto, nada mais justo do que dizer que o cineasta consegue dar uma visão bastante interessante e introspectiva da vida "de rua", tão incompreendida e misteriosa, tal como precariamente remetida pela sociedade ao silêncio e desprezo.

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LISBON & ESTORIL FILM FESTIVAL 2013

14:05:00 Unknown 0 Comments

Está aí à porta o LISBON & ESTORIL FILM FESTIVAL 2013. Como já é praxe, esta edição contará com a presença de várias caras conhecidas ligadas ao cinema, filmes em competição, antestreias e masterclasses. Para mais informações, consultem o site oficial.

Agora também com extensão ao Porto:

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Crítica: "About Time", o toque britânico sabe tão bem

22:18:00 Unknown 7 Comments

Desenganem-se pelo cartaz aqueles que pensam que estarão, caso o venham a visualizar, perante um blockbuster cómico-romântico convencional, made in states. Limpem as mentes. Vejam e evidenciem como 'britânicamente' (e desculpem o estereótipo) o humor e romance é tão melhor... Lembrem-se de filmes como "Nothing Hill", "4 Weddings and a Funeral" e "Love Actually". O primeiro e segundo apenas escrito e o terceiro escrito e realizado por Richard Curtis, que parece guardar a fórmula perfeita para uma boa comédia romântica falada em inglês. É indescritível o alto nível global do filme. Cada um dos ingredientes - humor, inteligência, ousadia, perspicácia, sensibilidade, emotividade, qualidade, elenco, argumento - estão presentes do início até ao fim. Para quem não conhece o realizador-argumentista, ou não sabe que tem o dedo no filme, após uns minutos começa a desconfiar que por detrás daquela obra se encontra alguém que sabe o que faz. Richard Curtis hipnotiza-nos com a classe que falta à maioria das comédias-românticas americanas dos últimos anos. Ora vejamos, como mesmo pegando numa cara bastante conhecida como é o caso de Rachel McAdams, o resultado é totalmente diferente de outras comédias da terra do tio Sam co-protagonizadas pela mesma. Aquele requinte típico pode ser justificado pelo alto nível de cultura inglesa, que transparece na forma como evoluíram e continuam a evoluir as várias artes, das quais o cinema, com fortes influencias também do teatro.

Mas voltemos ao filme. "About Time", ou em português "Dá Tempo ao Tempo" (título que contem algum spoiler e como sempre no que toca ao português uma adaptação infeliz), apresenta-nos uma história que poderia ser vulgar, mas que cresce, da melhor forma, com o personagem principal. 
Com 21 anos, Tim (Domhnall Gleeson, conhecido de "True Grit")é um rapaz tímido cliché que vive na Cornualha, portanto, o contacto com o mundo 'real' não vai muito mais além do que a sua família, o que faz com que a sua vida amorosa seja inexistente. Até ao dia em que o seu pai lhe revela que pode viajar no tempo, podendo mudar o que aconteceu quase sempre que quiser.. No entanto, nada é perfeito e a 'intriga' do filme surge quando o protagonista decide diariamente 'fechar demasiadas vezes os punhos num local escuro' para melhorar a sua vida (arranjando uma namorada como tanto deseja) e a daqueles que o rodeiam...

De filho a pai, observamos atentamente ao passar dos anos, e de retrocessos no tempo, na vida de Tim. Somos, por momentos, a personagem. Assistimos ao seu crescimento muito bem executado: à primeira paixão não correspondida; 'aos vários encontros' do amor da sua vida; ao auto-sacrifício pelo bem da sua família e amigos, ao ser pai, ao perceber (quase metafóricamente) que depois disso existem certas coisas que não poderá nunca mais mudar na sua vida e que terá de fazer opções; ao aprender a viver de acordo com aquilo que acontece; ao ser saudavelmente egoísta; ao respeitar a lei da vida para que outras vidas possam surgir; e, por fim, talvez a maior de todas as lições, a de aproveitar o que a vida nos avizinha naturalmente, sem ansiedade, sem querer alcançar a perfeição, desfrutando apenas dos pequenos prazeres escondidos no nosso dia-a-dia e agradecer estar vivo rodeado daqueles que ama.
No meio de uma plot que não parece ser nada de estrondoso, como acima foi descrita, ao ver o filme, dificilmente, as gargalhadas são contidas, as lágrimas seguradas e a sensação de empatia com as personagens inexistente. Domhnall Gleeson (Tim) leva-nos numa viagem quase pessoal, que nos faz reflectir sobre o sentido da vida, das nossas acções e nas opções que tomamos. A ajudar tem Bill Nighy (o pai), já repetente de "Love Actually", e que nos parece o melhor pai do mundo, o que vem dificultar o papel de espectador, o de assistir de braços cruzados ao destino deste, enquanto personagem. Também muito bem está Rachel McAdams (Mary), que consegue enquadrar-se no tipo de personagem que parece ser proposto, sem chegar a destoar do excelente elenco britânico. São ainda necessárias mais três menções honrosas: para Lydia Wilson (a irmã, Kit Kat), Richard Cordery (Tio D.) e Tom Hollander (Harry), que, embora apareçam poucas vezes no grande ecrã, têm personagens memoráveis, cada uma delas dotada de uma personalidade peculiarmente incrível. Também uma ressalva merece a excelente banda sonora, não só pela qualidade musical, mas, principalmente, por ser bem escolhida para o momento em que surge. Temos desde Nick Cave às já, esquecidas, TATU.

A película vem também colmatar a mensagem já presente em "Love Actually": a de que o amor deve ser valorizado e respeitado, tendo também em conta que todas as nossas acções contribuem para consequências, muitas vezes menos boas, e que por muito que procuremos um sentido mais além, a vida por si só já 'pede' demasiado empenho da nossa parte. 
"About Time" ensina-nos a dar tempo ao tempo. Presenteia-nos, ainda, com uma bela história de amor, que tem como segredo ser o mais próxima de uma relação real possível. Sem rodeios demasiado lamechas, dramas ou personagens femininas histéricas, o filme tem mais que o toque de Midas, tem um conjunto de sensações que normalmente adquirimos depois de passar pelas próprias experiências: seja a morte ou o amor.

O filme faz-nos pensar sobre todas as nossas ambições e reclamações, pois, deixa claro que devem existir, mas, também, que não podemos ser 'deuses', isto é viver obcecados em comandar totalmente a nossa vida e a daqueles que nos rodeiam; há que deixar o destino conduzir-nos àquilo que nos é de direito, dando todos os dias o melhor de nós às pessoas que gostamos, sem calculismos.
Mais que comovente, "About Time" consegue envolver-nos nos nossos próprios fantasmas e tentações, que vão surgindo ao longo do nosso processo de crescimento, para, em seguida, nos dar uma chapada e nos fazer levantar da forma mais convicta que possa existir, com o intuito final de encararmos a vida de frente, em vez de a vermos passar.

Nota: 10/10

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Jim Jarmusch ressuscita o conceito de vampiro com "Only Lovers Left Alive"

22:15:00 Unknown 0 Comments

Este trailer do novo filme de Jim Jarmusch é dedicado a todos aqueles que tinham saudades de vampiros a sério. Desde "Entrevista com o Vampiro", ao "Drácula de Bram Stocker" ou a "Nosferatu" é bonito de se ver que as criaturas sugadoras de sangue que têm séculos de existência na ficção voltaram a ser levadas a sério, desta vez por alguém que sabe bem o que significa fazer-se cinema. 

"Only Lovers Left Alive" 'ressuscita' o conceito de vampiros, com Tilda Swinton e Tom Hiddleston como protagonistas, neste filme que acompanha a história de amor de dois vampiros que se amam há vários séculos... Também no elenco podemos contar com Mia Wasikowska, John Hurt e Anton Yelchin.

Recordo alguns filmes de Jarmusch: "Night on Earth", "Cofee and Cigarretes" e "Dead Man". Todos diferentes e bons exemplares do indie.

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Crítica: "Machete Kills", mais uma vez...

22:06:00 Unknown 0 Comments

Há três anos, Roberto Rodriguez e  apresentaram-nos pela primeira vez Danny Trejo - o repetente secundário mexicano de um sem número de filmes - , como o protagonista do seu filme “Machete”. Depois disso, Dane Trejo passou para a ribalta. Deixou de estar escondido no background, onde se tornou um adorno familiar, com o passar dos anos. Talvez tenha sido a melhor escolha de todos os tempos realizada pela dupla de realizadores. Destacando o caso de Rodriguez, que, até ver, apenas congratulo por ter realizado os míticos “Aberto até à Madrugada” e o famoso grindhouse “Planet Terror”, sendo que os vários “Spy Kids” são para enterrar bem fundo, a sete palmos de terra, na memória de quem ama cinema.

Com o primeiro filme, o realizador apresentou-nos Trejo como um fora da lei movido pela sede de vingança, cujo destino se cruzou com um conjunto de belos exemplares femininos, que o fizeram encontrar um caminho melhor… Entre sexo, gore, deixas dignas de um filme de série b genuíno, “Machete” conquistou o público logo no primeiro filme. Com o segundo, “Machete Kills”, agora só realizado por Rodriguez, a continuação do sucesso não morre aqui. O filme consegue entreter e deixar-nos o cérebro respirar durante uma hora e meia, onde uma história nos envolve com belas e poderosas mulheres, como é o exemplo de Sofia Vergara, Michelle Rodriguez e Amber Heard. Para não falar das caras conhecidas, muitas delas improváveis, como Mel Gibson, Lady Gaga, Antonio Banderas e Charlie Sheen – este último sempre apresentado durante a promoção do filme e créditos como Carlos Estevez, que para quem não sabe é o seu nome de nascimento.
“Machete Kills” consagra o intuito iniciado em 2010 por “Machete”, um spin off assumidamente sátiro-violento, adaptado de um dos trailers falsos que acompanharam o lançamento do grindhouse de Tarantino-Rodriguez, em 2007. Curiosamente, ao contrário do primo bastardo que lhe abriu as portas, a obra de Rodriguez teve bastante sucesso na box office, reunindo alguns fãs.

O novo filme encabeçado por Trejo começa bem, com um trailer que se afiguraria como falso, intitulado “Machete Kills Again…in Space”. Contudo, no fim do filme acabamos por perceber que o trailer inicial não era falso e apenas anuncia a existência de uma sequela, que talvez seja demais…Ainda demais, foi o facto de a paixão por filmes de baixo orçamento ser trocada pela paixão por várias caras conhecidas brilharem. A enchente desta vez de actores famosos teve tanto de bom como de mau: além de desviar os olhares da paródia de série b, deixou a personagem de Trejo ofuscada, assim como a sua missão. Embora o argumento pudesse ser simples, o conjunto exagerado de actores secundários torna-o turvo. A ideia de um terrorista com várias personalidades, assim como de um cientista que não sabe o que será do mundo e por isso escolhe-o destruir, poderia funcionar muito bem como aconteceu no primeiro filme, mas nesta sequela a panela ferve e deita fora. Apesar de não ser o género de filme que tenha propriamente de fazer sentido, uma das personagens, que é também desempenhada por Lady Gaga, cria alguma confusão pois ficamos sem saber bem o seu propósito…A sua existência é demasiado forçada e desnecessária para o culminar do filme. Pedia-se mais criatividade num filme que se alonga com uma sequela.
Todavia, o filme tem também bons momentos. O humor está presente. Machete contínua com as suas frases padrão: “Machete don’t tweet”. A personagem de Amber Heard desempenha uma espécie de femme fatale. As personagens do primeiro filme conseguem marcar a continuidade e ter uma excelente prestação, ressalvo o caso de Michelle Rodriguez. Machete é Machete e Trejo sabe que não é preciso muitas falas para o ser. Exploitation é a palavra de ordem e de algum modo esta perdura: sexo, mulheres, efeitos especiais exagerados (lembremos a cena de morte que envolve entranhas), romance, muita carne à mostra, sangue que baste, subversão e muita muita destruição.
Caso o terceiro filme veja a luz do dia, tal como nos é sugerido na sequela, Rodriguez tem de meter mãos à imaginação e dar-lhe uma volta de 180º, deixando os 360º onde ficou bem próximo neste segundo filme.

Nota: 6,5/10.

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